Pássaros do concreto
Um cantar diferente, sem a alegria de outrora,
Se adaptando como gente, nos edifícios de agora.
Sem querer dispara tiros, sua natureza não é retraída.
Acerta sem querer e em cheio, cabeças distraídas.
Os fios onde se equilibram, são os galhos estéticos.
As árvores frondosas e imponentes são postes elétricos.
Ninhos são raros, nos poucos verdes que nos permite a acuidade.
O instinto as leva a procriar, no alto do edifício, para a geração dar continuidade.
Buracos no concreto, são tocas e o ferro retorcido puleiros.
Migram por natureza, para o perigo sem receio.
A poluição, a degradação e o descaminho, produz nos olhos um pranto.
Que não é sentido, por algozes, que destruiram seu lar e abstrai seu canto.
São heróis alados, batendo na porta, comendo as sobras da sociedade.
Se adaptando ao novo, o sofrimento da nova realidade.
Andam em bando, ou solitários, ninguém os protegem, estão expostos e sozinhos.
Mas ainda embelezam o céu, os pássaros urbanos, perdidos no caminho.
ADAILTON LIMA