Os Comedores De Batata

Poemas | Carlos Roberto Ribeiro
Publicado em 25 de Setembro de 2024 ás 21h 00min

Na penumbra da vida, sob o teto de barro,

As almas se curvam em silêncio amargo.

Rostos vincados pela terra e o tempo,

Mãos calejadas que moldam o alimento.

 

Batatas, colhidas com suor e dor,

Tornam-se o sustento de um dia sem cor.

A luz é fraca, mas o fogo persiste,

Na mesa de madeira, o destino insiste.

 

Olhares se cruzam, pesados de cansaço,

Partilham a vida em pedaços escassos.

O prato é modesto, a fome é antiga,

Mas a união é o que ainda os abriga.

 

No toque das mãos, o labor se reflete,

A dureza da terra em seus dedos repete.

Van Gogh capturou, em tons tão crus,

A verdade da vida, a força dos nus.

 

Comem batatas, mas mastigam a terra,

Sobrevivem à fome, à injusta, à guerra.

E na escuridão que a tela pintou,

Vê-se a luta de um povo que jamais se calou.

 

Fiéis à rotina, fiéis ao destino,

Vivem do chão, mas olham o divino.

E enquanto partilham seu pão tão raro,

A esperança brilha no escuro tão claro.

 

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Vincent van Gogh (1853-1890) – Embora não seja sempre visto como um pintor explicitamente social, Van Gogh, em sua fase inicial, retratava cenas da vida rural e dos trabalhadores comuns, como em sua famosa obra "Os Comedores de Batatas" (1885), onde ilustrou as duras condições de vida dos camponeses holandeses. Sua empatia pelas classes trabalhadoras é evidente em várias de suas obras.

 

 

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