Amor, és brisa que não se dissipa,
mesmo quando o tempo ousa soprar.
És lembrança viva, doce e aflita,
que mora onde não sei alcançar.
Teu nome ecoa nas tardes silentes,
no céu que declina em tom de rubor.
E o peito, em segredo, sente — e consente —
a dor tão serena de um antigo amor.
Te busco nas coisas que o dia me esconde,
na sombra da noite, no som do luar.
És ausência que canta, presença que responde,
és tudo o que parte, sem nunca deixar.
Ah, se viesses por um só instante,
rompendo distâncias, tempo e razão…
Verias que o amor, constante,
ainda habita meu coração.
E mesmo se nunca mais fores meu,
se outros caminhos te levarem além,
amar-te-ei no silêncio que é só meu,
com a doçura que o destino não tem.