O VAZIO QUE EM MIM ABITA

Poemas | Fernanda Sousa
Publicado em 28 de Setembro de 2025 ás 21h 20min

Um oco fundo em meu ser se propaga,

Um vácuo antigo que a alma divaga.

Fragmento ausente, em sombras se escondeu,

E a cada passo, o medo em mim cresceu.

 

Não sei se furtaram, se foi arrancada

Minha substância, em brumas exilada.

A dor que pulsa não tem um porquê,

Apenas o frio a me corroer.

 

Vazio mudo, sem eco ou razão,

Um parasita em minha condição.

Devora a luz, os dias e os ensejos,

Enquanto eu vagueio em vis mortos desejos.

 

No abismo interno, um sopro se pressente,

Uma presença fria, horripilante.

Não vejo formas, mas sinto o olhar fixo,

Qual um fantasma em meu próprio plexo.

 

Quem sou eu agora, casca sem essência,

Reflexo pálido de uma inexistência?

A carne treme, a mente se esgarça,

Pois falta o nó que meu ser entrelaça.

 

As trilhas findas que jamais me guiam,

Aos fragmentos que em pranto me espiam.

Um labirinto onde a saída é um mito,

E o eco da dor, um som não dito.

 

Os olhos mortos de um poço sem fundo,

Observam minguar meu próprio mundo.

O vácuo faminto, com garras sutis,

Arranca pedaços de sonhos gentis.

 

Então aceito que a perda é meu leito,

E o frio vazio, meu vil e fiel preceito.

Habita em mim, um espectro que sorri,

A parte macabra que jamais parti.

Comentários

Este é de pura reflexão! Belo poema!

Lorde Égamo | 28/09/2025 ás 22:34 Responder Comentários

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