Um oco fundo em meu ser se propaga,
Um vácuo antigo que a alma divaga.
Fragmento ausente, em sombras se escondeu,
E a cada passo, o medo em mim cresceu.
Não sei se furtaram, se foi arrancada
Minha substância, em brumas exilada.
A dor que pulsa não tem um porquê,
Apenas o frio a me corroer.
Vazio mudo, sem eco ou razão,
Um parasita em minha condição.
Devora a luz, os dias e os ensejos,
Enquanto eu vagueio em vis mortos desejos.
No abismo interno, um sopro se pressente,
Uma presença fria, horripilante.
Não vejo formas, mas sinto o olhar fixo,
Qual um fantasma em meu próprio plexo.
Quem sou eu agora, casca sem essência,
Reflexo pálido de uma inexistência?
A carne treme, a mente se esgarça,
Pois falta o nó que meu ser entrelaça.
As trilhas findas que jamais me guiam,
Aos fragmentos que em pranto me espiam.
Um labirinto onde a saída é um mito,
E o eco da dor, um som não dito.
Os olhos mortos de um poço sem fundo,
Observam minguar meu próprio mundo.
O vácuo faminto, com garras sutis,
Arranca pedaços de sonhos gentis.
Então aceito que a perda é meu leito,
E o frio vazio, meu vil e fiel preceito.
Habita em mim, um espectro que sorri,
A parte macabra que jamais parti.
Comentários
Este é de pura reflexão! Belo poema!
Lorde Égamo | 28/09/2025 ás 22:34 Responder Comentários