O Sopro da Natureza
Prosa Poética | Carlos Roberto RibeiroPublicado em 27 de Janeiro de 2025 ás 14h 34min
Há um canto antigo que ecoa no silêncio das árvores. Não é som que se ouve, mas vibração que toca as entranhas da alma, um chamado sutil que se esconde nas entrelinhas do vento. A floresta respira como um peito ancestral, e cada folha que dança carrega o segredo do tempo. O rio, serpente líquida, desliza entre as pedras com uma sabedoria milenar, sussurrando segredos que nem o céu ousa contar.
O sol, com seus dedos dourados, toca a pele da terra como quem afaga um amor esquecido. Ele pinta de luz o que a noite vestiu de mistério, enquanto as montanhas, sentinelas do infinito, observam em silêncio a coreografia das nuvens. Há algo divino no ciclo incessante do dia e da noite, como se o universo, ao piscar, lembrasse que tudo é passagem, mas nada é esquecimento.
A natureza é uma narrativa viva, escrita com raízes e asas. Suas pausas são preenchidas pelo pulsar da vida que insiste, que brota, que cresce em meio ao concreto e ao caos. Cada flor que desabrocha é um poema, cada galho que se quebra uma vírgula, e cada tempestade uma exclamação. É um livro sem fim, que não se lê com os olhos, mas com o coração que sente.
E nós, passageiros desse espetáculo eterno, somos notas breves nessa sinfonia sem fim. O chão que pisamos é palco e lar, o ar que respiramos é presente e promessa. Mas quantos, cegos pelo ruído, esquecem-se de ouvir o sussurro que diz: “Aqui está o eterno, aqui está o sagrado.”?