Quando o som sumiu, eu aprendi a escutar
Naquele instante tudo fez sentido
Era mágico, não precisei mais procurar
Não estava triste, não vivia mais deprimido
O silêncio me acolheu e me senti acolhido
Depois de tanto tempo, não vivia mais perdido.
Sobrevivia a muitos ruídos perturbadores
Viam de muitas fontes, direções
Distanciando as pessoas, os amores
Tocavam as feridas, negativavam as vibrações
O mais infortúnio de toda a situação
Fazia que o som mais perturbador vinha do coração.
Quando silenciei meu peito, tudo mudou
Minha voz não era mais o trovão na tempestade
O mar sombrio de minha vida se acalmou
Deu espaço para algo almejado, a felicidade
Minhas palavras ficaram amenas
Meus ouvidos agora não me ouviam apenas.
Os ruídos sumiram, e as feridas também
Pude ser eu melhor do que antes
Subi os mais altos morros, fui além
Minhas estradas não eram mais torturantes
E, finalmente pude de verdade acolher alguém
Compreendi que em paz se vive também.
No momento em que toquei o sou da paz
Você reviveu em mim, mudou tudo
Senti o quanto simplesmente sou capaz
De partilhar e conquistar o mundo
Afinal, isso não faria sentido conquistar
Sem alguém para dividir e multiplicar.
Agora eu me calo
Fico em silêncio o máximo que posso
Então me preparo
Para ser melhor, para o próximo passo
De ouvir o que não é dito
De escutar os amores e, tudo que foi prometido.
Publicado em
Flor, Dolores (Org.) Antologia de Escritores Contemporâneos: contos volume 17 Amanda Mazzei e convidados. Sinop – MT: Ações Literárias Editora, 2021
Comentários
Diziam os antigos profetas que no silêncio se ouve a manifestação de Deus! Parabéns pelo belo poema!
ENOQUE GABRIEL | 31/03/2022 ás 13:37 Responder Comentários