Na melodia suave que o céu derrama,

A chuva canta histórias em cada gota,

Ela desliza em folhas, telhas e lama,

Num ritmo que acalma, afaga e flutua.

O som da chuva é um sussurro antigo,

Que ecoa nas montanhas e nas ruas,

Traz memórias de tempos idos,

E sonhos guardados em noites nuas.

Cada pingo é um verso que a natureza escreve,

Em páginas líquidas de um livro sem fim,

Nos telhados, ela dança e se atreve,

A compor sinfonias de pranto e jardim.

O toque da chuva na janela é abraço,

Que envolve a alma em doce melancolia,

Ela desliza, escorre e traça,

Caminhos de prata em sua melodia.

Nas poças, refletem-se os céus em pranto,

E os passos fazem música nas calçadas,

É um balé de vida, um canto,

Que embala noites frias e madrugadas.

Os rios se enchem de suas lágrimas gentis,

Que correm livres, levando a pureza,

Na chuva, o mundo encontra o seu verniz,

E a terra bebe da sua leveza.

O som da chuva é mais que um murmúrio,

É poesia líquida, é vida em flor,

É um consolo, um eterno júbilo,

Que lava as dores, trazendo amor.

E quando a tempestade finalmente cessa,

Deixa no ar um silêncio sagrado,

Um resquício de paz que nunca apressa,

Mas guarda no coração o som amado.