O Sinal e o Sorriso
Crônicas | 2025 - MAIO - Laços de família: Histórias de amor e conexão | Rose CorreiaPublicado em 25 de Março de 2025 ás 07h 54min
O Sinal e o Sorriso
Em meio à correria do dia a dia, numa era invertida, onde tudo é permitido, como se as coisas não tivessem tanta importância — já que o que importava era considerado retrógrado e antiquado —, ela havia decidido seguir seus princípios. Escolhera também não criar debates infindáveis. Às vezes, sentia-se insensata agindo assim.
Morava em uma cidade de porte médio, trabalhava com o que gostava, havia se preparado para isso. Era independente desde muito cedo e realizada em alguns aspectos da vida.
Certo dia, a caminho do trabalho, ao passar pelo semáforo, alguém lhe sorriu de um jeito diferente. Instintivamente, ela retribuiu — afinal, era culta, educada — e seguiu seu trajeto. No entanto, todas as vezes que fechava os olhos, aquele sorriso era a primeira coisa que lhe vinha à mente. Indagou-se: Que sorriso simpático! Preferiu, contudo, não alimentar algo tão utópico e seguiu sua rotina.
Mas o destino, brincalhão, insistiu em sorrir para ela. Parecia coisa combinada: aquilo acontecia sempre no mesmo semáforo, no mesmo horário. O tempo passou, e a cena se repetiu, como se o acaso soubesse o que fazia. O que ela não imaginava era que seu sorriso causava o mesmo efeito no outro.
Vivemos numa era tecnológica, onde encontramos e nos conectamos com pessoas do mundo inteiro. E, assim como no semáforo, eles sorriram também nas redes sociais. Ela, muito cuidadosa, pois havia princípios a serem zelados. Ele, um moço de valores.
As conversas virtuais alimentaram ainda mais a vontade de sorrir face a face. O encontro foi marcado em uma praça, no meio da tarde, que acabou se tornando um dos lugares favoritos deles. O que começou com um gesto simples — um sorriso ao acaso — tornou-se um elo silencioso entre duas almas que, sem perceber, já se buscavam na multidão.
Hoje, ela cultiva uma amizade, pois sabe que, na verdadeira amizade, está o mais puro e genuíno amor. Os encontros no semáforo tornaram-se o símbolo de duas pessoas que não procuravam se encontrar, mas se encontraram. Batizaram-no de Inesperado Fora da Tela.
Crônica. Rose Correia.