Guardo no peito um segredo sem nome,
um sentimento que respira baixinho,
se esconde nos gestos, nos olhos que fogem,
nas frases que digo sem dizer o que sinto.

Ele cresce nas tardes que passo contigo,
nos risos que trocamos sem nada esperar,
na leve distância entre nossas palavras,
no toque que falta, no medo de amar.

Quantas vezes a verdade quis saltar dos lábios,
como um pássaro ansiando por céu aberto?
Mas o silêncio é minha gaiola segura,
um refúgio onde o amor vive encoberto.

E se eu dissesse? Se quebrasse o encanto?
Se a palavra rompesse o que nos mantém?
Se a amizade ruísse no peso do medo,
e eu descobrisse que amor não há além?

Talvez me olhasses com um riso incerto,
talvez sentisses o tempo parar,
talvez houvesse um segundo de dúvida,
antes do mundo voltar a girar.

E então, o que restaria de nós?
Um eco quebrado, um sonho desfeito?
Ou talvez—e apenas talvez—
uma nova história, sem medo, sem jeito.

Mas enquanto o silêncio for meu abrigo,
enquanto o mistério puder me guardar,
viverei nesses instantes roubados,
nessa ilusão de ainda te amar.