O RENASCIMENTO DE UMA ESTRELA

            Em um planeta muito distante morava uma linda estrelinha. Ela era muito cativante, todas as outras estrelas a adoravam. O seu planeta? Ah! Não me recordo bem o nome, mas sei que era bem vizinho do planeta de um menininho conhecido como o Pequeno Príncipe. Eles sempre se visitavam. Essa estrelinha era muito diferente das outras estrelas! Além de muito linda, era de uma bondade extrema. Toda a constelação se curvava quando ela passava. Seu brilho? Ah! Seu brilho era incomensurável, infinito, sem limites. Mas como pode uma estrelinha tão pequenininha brilhar tanto assim? Essa era a sua grande diferença! O seu brilho... a luz que emitia.

            Nesse planeta, tão pequeno como o planeta do Pequeno Príncipe, não havia nem mães, nem pais, nem irmãos, nem parentes, mas, todos se sentiam uma grande família. Todos se conheciam e se amavam. Não havia inveja, nem mentira, nem discórdia, nem fome. Não havia nada de ruim. Todas as estrelas foram criadas por um poderoso deus, chamado Constelarium. Todas eram suas filhas, por isso o nome Constelação que significa as filhas do deus Constelarium.

            Constelarium era um deus muito bondoso, por isso só criava estrelas. Todos os dias ele conversava com sua constelação e sempre as lembrava de que o amor está acima de tudo. Que o Universo é o que é devido ao brilho das estrelas. Dizia sempre que cada estrela demonstrava o seu amor pelo Universo, simplesmente brilhando, reluzindo, iluminando os quatro cantos do Universo. Dizia ainda que, se as estrelas se apagarem o Universo deixa de existir, por isso cada estrela é muito importante no conjunto que forma a Constelação. Ao final desses lembretes, Constelarium sempre agradecia a cada uma de suas filhas por serem o que são e fazerem o que fazem: iluminar o Universo.

            A pequena estrelinha ouvia tudo com muita atenção e com um sorriso maravilhoso nos lábios. E a cada dia que passava, seu brilho aumentava cada vez mais, porque o seu amor pelo Universo aumentava também cada vez mais. Era tanto amor que transbordava dela que Constelarium percebeu que ela era muito especial.

            O grande deus passou então a observar melhor a pequena, meiga e linda estrelinha. E viu que seu amor transbordava e que só ela, iluminava metade do Universo! Foi aí que o grande deus percebeu o quanto aquela estrelinha era encantadora e muito, mas muito especial mesmo.

            Ah! É bom lembrar que nesse planeta, as estrelas não crescem, são sempre do mesmo tamanho. Como eu já disse, a estrelinha, era a amiga preferida do Pequeno Príncipe! Ela sempre fazia desenhos lindos para ele. Um dia quando o seu carneirinho que ficava sempre em uma pequena caixinha, escapou, ele chorou tanto, mas tanto, que ensopou todo o seu planeta. Mas a sua bela e bondosa amiguinha, a pequena estrelinha desenhou outro lindo carneirinho dentro de uma caixinha mais linda que a primeira e o Pequeno Príncipe desmanchou-se de felicidade!

            Bom! Mas vamos voltar ao assunto. Constelarium percebeu a grandeza dessa estrelinha e concluiu que ela tinha uma grande e bela missão, só que essa missão não seria realizada em seu planeta! Ela teria que ir para um planeta muito longe e bem maior que seu planeta de origem! Nesse planeta havia fome, guerra, mortes, inveja, mentira, doença e muitas outras coisas ruins. Mas também havia muitas coisas boas como amizade, alegria, felicidade, sorriso, abraço, etc... etc.. ou seja, ela teria que saber conviver com todas essas contradições, pois em seu planeta não havia contradição, tudo era perfeito.   

            Constelarium reúne todas as suas estrelas e dá a grande e triste notícia. Foi um silêncio total! As estrelas que nunca choravam, porque nunca havia motivos, naquele momento, todas choraram. Muitas se ofereceram para ir no lugar da linda estrelinha, entretanto, Constelarium foi incisivo: - “nenhuma de vocês está apta para essa missão”. Uma estrela aos prantos, diz: - “mas... senhor...ela é muito jovem. Esse planeta é muito longe e muito perigoso, deixe-me ir no seu lugar”! Outra diz em alta voz: - “Senhor! O que faremos sem o brilho de nossa estrelinha favorita”? E Constelarium respondeu: - “É justamente por causa de seu brilho que ela está apta para esse infinito desafio”.

            Solicitou que todas as estrelas se despedissem dela, pois, a partir daquele momento a estrelinha iria ficar hospedada durante nove meses no templo de Constelarium para se preparar para a grande viagem. Seria uma viagem sem volta!

            A despedida foi emocionante. Todas as estrelas ficaram ao redor da estrelinha e a iluminavam com suas luzes. Toda a constelação piscava num balé de infinitas cores e formas. O Universo se encheu de luzes. Eis que de repente - apareceram para abrilhantar a despedida, o deus Sol e a deusa Lua. Aí a alegria foi imensa! Uma estrelinha, ser homenageada pelo Sol e pela Lua? O Dia e a Noite do Universo? A estelinha chorou de tanta emoção! Foi o máximo de reconhecimento! E disse o Sol à pequena estrela: - “Nesse novo planeta para onde vais, serás um misto de fragilidade e fortaleza, sentirás tristeza e alegria, irás chorar e rir, sofrerás e sentirás dor, mas, suportarás porque és forte e minha luz sempre estará te aquecendo e te acolhendo nas horas mais difíceis de tua nova existência. Serei sempre o teu sol e meus raios se encontrarão com o seu brilho para te fortalecer”. E o SOL lançou sua profecia: - “você vencerá e serás a luz para muitas pessoas nesse novo planeta”.

            E disse a Lua à pequena estrela: - “terás momento de trevas nesse planeta para onde irás. Às vezes sentirás que teu brilho está se apagando, que suas forças estão se esgotando, mas lembre-se eu estarei sempre ao seu lado, iluminando as noites escuras e fortalecendo seu brilho para que não se apague. Você será muito importante, e, indispensável neste novo planeta para onde irás. E a LUA lançou sua profecia: - “serás dengosa e chorarás por qualquer motivo e é isso que te fará ser amada por muitos daquele planeta”

            Sol e Lua abraçaram a pequena estrelinha e com o calor do Sol e a ternura da Lua ela foi partindo para o templo de Constelarium. De repente, ouviu uma voz fininha gritando! Era uma voz fraquinha! Parecia cansada! Voz de alguém que vinha correndo! “Ei me espera! Não vá ainda!!! “   Era ele, seu grande amiguinho, o Pequeno Príncipe! Que surpresa! Que alegria! Quanto tempo não se viam! Os amigos de verdade sempre estão presentes nas horas mais importantes de nossa vida. Eles só se abraçaram e nada disseram! E precisa dizer alguma coisa quando se ama? Ficaram muito tempo abraçados como se estivessem petrificados, até que Constelarium apareceu na porta do templo e quebrou o encantamento de ambos dizendo: -“Vamos estrelinha ... já chegou a sua hora”.

            Segurando firme, as mãos da estrelinha, o seu grande amigo lhe disse pela última vez: -“um amigo não se faz numa terça feira ... não se encontra a venda nas lojas. Amigo se cativa aos poucos e são únicos no mundo”. E a linda estrelinha, olhando profundamente nos olhos de seu grande amigo disse: -“Contemple as estrelas ... uma amiga sempre estará lá em algum lugar ...”.

            E a estrelinha partiu feliz, sorridente. Durante nove meses recebeu todos os ensinamentos necessários de Constelarium. Ela iria para o planeta TERRA. Ao final do nono mês, sob os cuidados e ensinamentos de Costelarium, como em um passe de mágica, os céus se abriram, todas as luzes do Universo brilharam, os tambores dos deuses ressoaram muito forte! Ela partiu e em um lindo e aconchegante ventre, renasce uma ESTRELA em forma de MENINA que se tornará MULHER, dando vida ao planeta TERRA.