Sou fragmento de um tempo indivisível,
Pulsando em linhas de um verso invisível.
Do caos, forjei minha forma primeira,
Do silêncio, colhi a palavra inteira.
Sou a onda que quebra e renasce no mar,
Um eco perdido no templo do olhar.
Cada sombra que dança ao toque da luz
É destino que tece e jamais se reduz.
Sou o voo da folha ao sabor do vento,
O instante fugaz que detém o momento.
No abismo da noite, sou estrela cadente,
Lâmina de prata no céu transcendente.
Sou a voz que ecoa em teu coração,
O pranto calado da revolução.
Na carne do tempo, tatuo um porvir,
Onde o eterno se atreve a existir.
E assim me revelo: um todo disperso,
O mosaico do mundo em um único verso.
Na poesia do ser, sou universo,
Indizível, imenso, mas sempre reverso.