O monstro do Lago Stop Noah

Poemas | Romeu Donatti
Publicado em 12 de Março de 2024 ás 20h 56min

Deixa o pântano

Esgueira-se pela neblina

Rasteja

Finge-se de morto

Na surdina

Desponta

Assusta

Assombra

Inflama

Esbraveja

O trono, almeja

Proclama

Insufla

Festeja

Será um ogro ou um messias?

Aguarde o desenrolar dos dias...

Jogam-se os dados

A sorte foi lançada

Sobe a serpentina

Segue a escalada

É drama ou comédia?

É facada ou fachada?

A fumaça se espalha

por detrás da cortina

Quem permanecerá acima?

O verde poder domina

O povo sofre desventura

É tão dura essa sina!

De onde vem tal criatura???

Parte a venera, outra a abomina

Sua fanfarronice, alucina

Sua palavra, verborragia

Sua atitude, demagogia

Entretanto o aplauso

Trepida com alegria

A patuleia tem o que merece?

Ou o grito a entorpece?

Nem sempre!!!

Nem sempre, quem cala consente

O revide ou uma prece?

Qual artimanha é mais decente?

O silêncio é arma do descontente

Acorda, acorda minha gente

Enquanto é farta a roubalheira

Vera Cruz desce a ladeira

Vilipendiada e doente!

Uma bala de prata?

De madeira uma estaca?

Como, afinal, um monstro se reprime?

Abaixo as armas, minha gente!

Para ludibriar a ignorância

Há maneira mais eficiente

Educação e inteligência

São o melhor expediente!

Muito cuidado com a tomada da pastilha

Siga à risca a receita matutina:

Aos jacobinos, café e aspirina

Aos girondinos, metanfetamina

Aos ambidestros, uma lamparina

Há luz no fim do túnel?

Ao povo, falta pão com margarina

Que tal, para a dor crônica, morfina?

Aos lacaios, abunda, a propina

Aos vermes, dê-lhes Ivermectina

Aos acéfalos, nem mesmo a guilhotina!

Livro: A sombra dos cinamomos

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