Onde o Coração Não Pousou.

Vaguei por lugares,

na tentativa de encontrar

meu lugar em qualquer ninho

e nele me arranjar.

Por vezes, acreditei

ser o meu. Falhei.

Em pouco tempo, eu me via

procurando meu lugar para pousar.

Parecia um passarinho:

de ninho em ninho, tentava achar

um canto que, com carinho,

pudesse me acomodar.

Por vezes, eu pensei

que havia encontrado,

mas, de repente, me via

ao relento, acanhado.

Em pedaços, novamente

havia me tornado.

Como um passarinho,

em busca de novo ninho,

meu trejeito era traçado.

Só queria encontrar

meu lugar para ficar,

sentir-me aconchegado.

Desistir, eu não queria,

pois até os passarinhos

têm seus ninhos arrumados.

Numa busca incessante,

em meu caminho errante,

continuei a procurar.

Mas o que eu encontrei

foi somente escassez

do lugar tão desejado.

Encontrei-me novamente,

dessa vez, dilacerado.

Tudo o que queria

era ser a companhia

de alguém apaixonado,

como são os passarinhos,

que, dentro do seu ninho,

estão bem enamorados.

O coração, então,

não achando a solução,

soluça calado.

Dentro do peito fechado,

o coração se aquietou,

não conseguiu encontrar

o lugar que almejou.

Dentro do peito,

se ajeita,

pois não pode atinar

o lugar para pousar

entre os lugares por onde vagou.

Poesia simbólica. Escritora: Rose Correia.