O lamento do Acauã
Na quentura da fogueira, um olhar frio apaga o fogo da emoção, deixando um grande vazio, na esperança do coração
Balões e fogos exaltam o momento ímpar do povo interiorano.
Que comemora com cantos e dança a lavoura de todo o ano.
Mas por trás da fartura da época, tem o sacrifício desumano.
Da labuta, da sede, da fome e do trabalho sem descanso.
Que ora pelos santos, que são comemorados nessas datas, que alimento nunca falte na boca e que a mesa seja farta.
O cancioneiro popular já versava na canção, o desmatamento das florestas, com dor no coração.
O sertanejo que em junho comemora sua maior tradição,
Roga que os homens, deixe de ganância e não destrua o seu pão.
No São João, essa gente sofrida, esquece um pouco da vida,
Comemora com alegria e satisfação as festas juninas.
E como um ópio passageiro, tudo passa tão ligeiro, e de novo estarão na lida.
Ouvindo os pássaros do sertão, a maritaca, o curió e o cancão, o asa branca, a siriema e o chorão. Que talvez sumam de vez, com seus cantos imortalizados, em alguma canção.
E ajoelhado o homem pede ao santeiro,
Com resa forte e com fé toda manhã.
Que o São João dure o ano inteiro.
Ouvindo o lamento triste do acauã.
ADAILTON LIMA
Comentários
Bravo!????????????????
Rosilene Rodrigues Neves de Meneses | 23/06/2024 ás 11:45 Responder ComentáriosRealidade que muitos esquecem. Observação expressa de forma magnífica no.poema... parabéns escritor! Fantástico. Ótimos reflexão!
Amanda Mazzei | 23/06/2024 ás 13:53 Responder ComentáriosSuas palavras capturam a beleza e a tristeza do sertão, retratando com sensibilidade a luta e a esperança de um povo. Parabéns Poeta.
Dolores Flor | 23/06/2024 ás 22:59 Responder ComentáriosExcelente texto. Parabéns!
Magno Assis | 24/06/2024 ás 08:37 Responder ComentáriosQue prosa poética mais encantadora, poeta! Traça o perfil de um povo que, apesar das agruras do dia a dia, se vê feliz no São João. Um Feliz retrato! Parabéns!
Lorde Égamo | 24/06/2024 ás 19:26 Responder ComentáriosParabéns! O poema nos remete a Patativa do Assaré, com as belezas e durezas do sertão!
Maria de Fátima da Silva Duarte | 25/06/2024 ás 17:27 Responder ComentáriosObrigado Poetas, gratidão!
ADAILTON LIMA | 25/06/2024 ás 17:55 Responder Comentários