Havia um jardineiro que, durante muito tempo, cuidou de um pomar que lhe dava motivo para despertar. As árvores se curvavam cheias de frutos, os pássaros faziam morada e até o vento parecia cantar.
Um dia, sem aviso, o pomar adoeceu. As flores secaram, os frutos apodreceram antes de amadurecer, e os pássaros foram embora. O jardineiro passou a caminhar entre galhos secos e folhas mortas, sentindo que cada passo fazia eco em um vazio cada vez maior.
Ele tentou regou a terra, podou os galhos, esperou pacientemente. Mas a terra permanecia dura, fria, indiferente. No vigésimo dia, nenhum broto nasceu. No centésimo, também não. O silêncio tomou conta.
O jardineiro, cansado, percebeu que talvez o pomar jamais voltasse a florescer. Então, deixou as ferramentas caírem de suas mãos e se sentou à sombra de uma árvore morta. Ali ficou, olhando o céu cinzento, aceitando que nem todo esforço é capaz de mudar a estação, que alguns invernos são eternos.
E assim, o pomar permaneceu como um retrato daquilo que um dia foi vida agora apenas memória, silêncio e frio.