O jardineiro e o inverno eterno

| Ícaro
Publicado em 17 de Setembro de 2025 ás 07h 20min

Havia um jardineiro que, durante muito tempo, cuidou de um pomar que lhe dava motivo para despertar. As árvores se curvavam cheias de frutos, os pássaros faziam morada e até o vento parecia cantar.

Um dia, sem aviso, o pomar adoeceu. As flores secaram, os frutos apodreceram antes de amadurecer, e os pássaros foram embora. O jardineiro passou a caminhar entre galhos secos e folhas mortas, sentindo que cada passo fazia eco em um vazio cada vez maior.

Ele tentou regou a terra, podou os galhos, esperou pacientemente. Mas a terra permanecia dura, fria, indiferente. No vigésimo dia, nenhum broto nasceu. No centésimo, também não. O silêncio tomou conta.

O jardineiro, cansado, percebeu que talvez o pomar jamais voltasse a florescer. Então, deixou as ferramentas caírem de suas mãos e se sentou à sombra de uma árvore morta. Ali ficou, olhando o céu cinzento, aceitando que nem todo esforço é capaz de mudar a estação, que alguns invernos são eternos.

E assim, o pomar permaneceu como um retrato daquilo que um dia foi vida agora apenas memória, silêncio e frio.

 

Comentários

Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.