O HOMEM INVISÍVEL
No frio gelado do inverno
Uma figura destoa do local
Um visitante incerto
Um personagem da vida real.
Com um olhar puro e distante
Perto de olhares distraídos
Evitam olhar aquele semblante
De um homem mal vestido.
A aparência suja e degradada
Afasta os poucos andantes
Que o considera menos que nada
Um pobre andarilho itinerante.
Fugindo das intempéries do tempo
Nos intriga aquele indigente
Que não tem o seu sustento
Mas não pede nada pra gente.
Poderia já ter tido uma casa
Ou vítima da reviravolta da vida
Pode ser morador de qualquer praça
Ou um coitado que só quer guarida.
E no frio relento da escuridão
Alguém mostra a piedade
Um sentimento de compaixão
Aliviando suas necessidades.
Um cobertor para aquecer o corpo
Um alimento para esquentar a alma
Uma oração para uma mudança, um renovo
Ou alguém que assuma a causa.
Nessa noite vazia e chuvosa
Um amigo apareceu sem interesse
Mas ninguém sabe a partir de agora
Pois o futuro a Deus pertence.
ADAILTON LIMA
Comentários
Parabéns pelo belo poema que retrata a realidade das pessoas em situação de rua. Sendo que cada uma delas tem uma história, não são apenas seres biológicos, mas são seres socio-historicamente construídos e, portanto, responsabilidade de todos, quiçá principalmente responsabilidade daqueles que se afastam e passam ao largo.
Carlos Roberto Ribeiro | 20/09/2024 ás 16:57 Responder Comentários