Quando lhe chamava
Dizia que não podia
Que trabalhava
Que o tempo
Não dava
Pra ir até lá.
Ao fim de cada mês
O dinheiro da pensão
Ele entrega
Da sua ilusão
De que já cumprirá
Com sua obrigação
Pagando a pensão.
No mundo da ilusão
Onde todos parecem
Agir sem muito coração
Onde os acadêmicos
Que de tão intelectual
É um pouco
Sem noção.
Hoje já crescido
Num gesto de repúdio
O filho exclamava
Que o asilo pro pai
Ele já pagava.
Aquilo que viesse
Há precisar
Agora o filho
É quem trabalha
E ao pai no asilo
Não da tempo
De visitar.
Segue-se a vida
Nesse enlace
Onde o abandonado
Agora decide
Abandonar.
E quem atrevesse
Com propriedade
Lhe criticar
Ele tinha a mesma frase
Pra explicar.
Que não dava tempo
Eu preciso trabalhar.
Escritora Elisangela Soares