O FEITIÇO VIROU CONTRA A FEITICEIRA

Contos | 2023/8 Contemplando a Saudade | Literatura JC
Publicado em 22 de Novembro de 2022 ás 07h 54min

O FEITIÇO VIROU CONTRA O FEITICEIRO
          Marta era uma menina muito bonita e inteligente. Cresceu numa família muito educada, feliz e  unida. Apaixonou-se naquela cidade por um homem muito rico mas  mulherengo que lhe seduziu com  tanto charme , dinheiro e materialismo. Com Marta  era o seu quinto casamento e tinha filhos em quase toda esquina e avenida da cidade.
          No dia de casamento , Marta esperava ter um Bartolomeu diferente, mais responsável. Passaram-se anos, ambos tiveram dois filhos mas o Bartolomeu de hoje continuou sendo o mesmo de ontem. A Marta já poderia ter pedido divorcio mas se continuava  com o pai de Maezinha e do Junior não foi por causa da enorme e apetrechada casa em que viviam nem devia-se ao dinheiro e carros de luxo do marido como muitos diziam , e porque ela não queria ver os pequenos filhos a crescer longe do pai e a vê-los de binóculos. 
           Naquela casa a vida era insuportável. As brigas eram continuas. Bartolomeu tinha amantes em todo o canto e só voltava a casa para mudar de roupa. Quem mais irritava a Marta era a Stella , que fazia pirraças na presença de todo o mundo. Essa fazia o possível para Marta abandonar o lar e ela e o  Bartolomeu tornar-se uma só carne e mesmo corpo. Já tinha recorrido a muitos curandeiros e feiticeiros famosos para que o seu sonho se tornasse numa realidade mas em nads 
           O Bartolomeu e a Stella já estavam impacientes devido a tanta paciência da Marta que carregava a cruz da traição, fazendo-a chorar  e esperando que um dia o milagre aconteceria e a vida mudaria. A sua rival vendo que as tentativas de elimina-las se fracassaram , mudou de estratégia.
          --- Amor, deves pôr veneno na comida daquela feiticeira para nos livrar dela definitivamente. --- disse a Stella.
         --- Veneno não, ela é a mãe dos meus filhos…--- disse o Bartolomeu.
         --- Não se preocupe amor, eu cuidarei bem deles.--- tranquilizou-o a Stella. E se não tomar brevemente esta atitude, jamais voltaras a tocar nesta linda obra de arte. A Stella falava isso referindo ao seu corpo irresistível aos corações humanos.
             Bartolomeu já tinha cometido muitos erros sentimentais mas nunca tinha lhe passado pela cabeça em matar alguém. Estava dividido entre a não consumação do crime e a perca do sua nova paixão que estava sendo eternizada pela magia negra .Os dias ordenados pela Stella estavam a terminar. Era numa segunda-feira, o sol acordou alegre  os citadinos, cada um ,dirigia-se ao seu posto de trabalho. A Mãezinha e o Júnior já tinham ido a escola mas o pai tinha faltado ao serviço. A Marta, a única da avenida que acordara indisposta naquele dia, pressentiu pelo sexto sentido  que algo anormal aconteceria com ela ou com um conhecido ou familiar. Ficou muito admirada em ver o marido a faltar ao serviço por que queria ter um dia muito especial em casa com a esposa conversando e recordando os bons momentos vividos a oito anos atrás.
          Marta preparou o prato predilecto de Bartolomeu. Ambos sentaram-se a mesa.  Enquanto que a Marta, de olhos fechados, agradecia a Deus pelo mantimento, o marido envenenava a comida da esposa. Quanto abriu os olhos, Bartolomeu foi ao quarto para atender um  telefonema. Enquanto ele se demora, caiu sobre o seu prato uma aranha. Por amor, a Marta trocou os pratos e esperou pelo marido. Quando este chegou, ambos  começaram a almoçar e para a surpresa de Bartolomeu , algo anormal estava acontecendo no seu estômago. O bílis de crocodilo já estava a destrui-lo e morreu sem demoras.
          Marta era a única acusada pelo homicídio. Enquanto que a policia investigava a inconsolável mulher, mensagens consecutivas e chamadas perdidas no telefone do malogrado despertaram a atenção dos homens da Lei e Ordem. Era a Stella procurando saber se Bartolomeu já tinha consumado o crime . A Marta foi liberta e a  Stella foi presa pela Policia e  sentenciada pelo tribunal  longos anos de cadeia.
                                                                                                                                                                                            Literatura JC, 02.12.2018

 

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