Eu cresci acreditando
nos contos de fadas
Eu, menina com olhar fito
nas belas maçãs e
no glamour das festas
dos palacetes, as canções
mágicas e celestiais
O lindo vestido cor do céu
o príncipe e seu cavalo branco
Revirem-se os Grimm, sutil engano , ah quanta enrolação!
Ignorei a madrasta má, os contrapontos dos contos.
Eu, mulher conto aque ponto?
Às maçãs apodreceram no tempo
não há doce não há mel, meramente algum açúcar enfeitando fel
céu é hades é a cruel realidade
Que desmantela o sonho a visão é opaca distorcida e agora sentida
Rasguei o vestido e me pus nua
evidencie o corpo imperfeito com
curvas normais de uma mulher
em estágio M, toquei a alma e me reconheci gente
Fiz amor comigo mesma
e resgatei-me
Ao olhar minhas belas imperfeições foi como refletir no espelho o que tenho de melhor
Adentrei-me as minhas entranhas e contemplei a mulher
A mesma cansada de tanto tentar ser
Ser o que querem que sejam, a inadequadez não a deixava ser
Talvez seja porque não preciso formatar se, é o que é, descobriu-me livre
Quem virá resgatar?
Não há cavalos brancos, nem príncipe com suas vestes reais, os bailes se tornaram fúnebres as canções tristes
os banquetes estragaram
As princesas são meras invenções, para aniquilar as mulheres verdadeiras
Somos resgatadoras de nós mesmas
Revirem-se os Grimm, nós não mais
Não, não!
Mary Cloe