O Ciclo e a Esperança
Poemas | Carlos Roberto RibeiroPublicado em 03 de Fevereiro de 2025 ás 16h 24min
O Ciclo e a Esperança
— Velho Ano, por que suspiras?
— Porque carrego em meus ombros o peso dos dias,
as promessas que murcharam ao vento,
as lágrimas que regaram a terra sem fruto.
— E agora partes?
— Sim, parto. Mas não me temas.
Sou a raiz da tua renovação,
sou o eco das lições que te moldaram.
Deixo-te marcas, mas também sementes.
— E tu, Novo Ano, o que me trazes?
— O que quiseres colher.
Trago a alvorada em mãos abertas,
trago a estrada que ainda não pisaste,
o sopro que varre o medo e reacende o fogo.
— Mas e se eu falhar?
— Falharás. E recomeçarás.
Pois sou feito de recomeços,
de portas que antes não vias,
de estrelas que esperam teus olhos.
— Então, que seja!
Que venha a mudança como rio impetuoso,
que venha a esperança como aurora invicta!
Pois se o tempo é um ciclo,
que eu dance no compasso da vida,
e escreva um novo destino no vento.
— Mas Tempo, diz-me, és amigo ou tirano?
— Sou o que fizeres de mim.
Posso ser lâmina que corta os teus sonhos,
ou ponte que te leva além do medo.
Posso ser grades ou asas,
roda que prende ou que gira.
— E se eu me perder?
— Então, escuta o silêncio.
O futuro sussurra na brisa,
o passado canta nos passos,
e dentro de ti há bússolas vivas,
que apontam sempre para a esperança.
— Mas e se o mundo pesar sobre mim?
— Então, lembra-te: és vento, não pedra.
Ergue-te como a maré que insiste,
como a flor que rompe o asfalto,
como a estrela que brilha sozinha
e ainda assim ilumina o céu.
— Então que venha o novo!
Que as dores se dissolvam como neblina,
que a coragem floresça entre ruínas,
que eu me torne o tempo que espero,
e que cada passo meu
seja um caminho para a luz.