O Cheiro da Chuva

Veio a chuva,
e com ela, o passado em gotas.
Não era só água no chão,
era infância,
era colo,
era tempo que não volta.

O cheiro subiu da terra molhada,
como quem abre um baú esquecido.
Ali estavam os dias sem pressa,
os pés descalços,
as tardes sem fim.

Cada respingo trazia uma história,
cada vento, uma voz antiga.
A chuva não molhava só o corpo,
lavava a alma,
despertava lembranças.

Era como se o mundo respirasse fundo,
e eu também.
Porque há memórias que não têm imagem,
mas têm cheiro.
E o da chuva
é o mais fiel de todos.

Silvia Santos

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