O Canto Silencioso das Árvores
Crônicas | 2023/9 Antologia O sons da natureza | Matile FacóPublicado em 20 de Janeiro de 2024 ás 16h 38min
Era uma manhã onde o sol desenhava suas primeiras pinceladas douradas no céu, e o mundo despertava com uma sinfonia única. Nas entrelinhas do silêncio, os sons da natureza começavam a tecer um tapete de vida, cada nota um fragmento de uma canção atemporal.
As árvores, guardiãs silenciosas do tempo, começavam a sussurrar entre si. Seus galhos dançavam com a brisa, e suas folhas, como páginas de um livro antigo, contavam histórias que apenas os que se entregavam ao murmúrio poderiam compreender. Era um canto silencioso, uma melodia escrita nos anéis de suas vidas entrelaçadas.
Os pássaros, artistas da manhã, tomavam seus lugares no vasto palco da natureza. Cada trinado era uma pincelada de cor no vasto céu azul. Suas asas cortavam o ar, desenhando arabescos invisíveis enquanto espalhavam melodias que se misturavam ao perfume fresco das flores que despertavam.
O riacho, com suas águas límpidas, fluía como uma serenata líquida. As pedras no leito do rio eram músicos silenciosos, tocando notas suaves à medida que a água dançava ao seu redor. O murmúrio do riacho era um convite à contemplação, uma meditação guiada pelos sons da correnteza.
O vento, mensageiro invisível, soprava entre as folhas e trazia consigo segredos de terras distantes. Cada suspiro do vento era um conto sussurrado ao ouvido das flores, e estas, em resposta, balançavam em uma dança suave, oferecendo seus perfumes ao vento como oferendas aromáticas.
No reino dos insetos, uma orquestra minúscula ganhava vida. Grilos afinavam seus violinos invisíveis, enquanto as abelhas, diligentes trabalhadoras, contribuíam com zumbidos que se misturavam ao canto das cigarras. Era uma polifonia de pequenos seres, cada um desempenhando seu papel na sinfonia da natureza.
A medida que o dia avançava, os sons da natureza criavam uma trilha sonora em constante evolução. À tarde, o sussurro do vento podia transformar-se em um murchar de folhas, e os pássaros, agora menos efusivos, ofereciam baladas mais suaves. O crepúsculo trazia consigo o canto noturno das corujas e o coaxar dos sapos, uma serenata que anunciava a chegada da noite.
Na quietude da noite, as estrelas observavam em silêncio, testemunhas de um concerto que se repetia a cada amanhecer. Os sons da natureza, muitas vezes negligenciados em meio ao tumulto cotidiano, eram a melodia que embalava o mundo, uma canção que ecoava na alma daqueles que tinham a sensibilidade de ouvir. E assim, sob o manto estrelado, o universo continuava sua sinfonia silenciosa, entrelaçando os sons da natureza com os suspiros do tempo.