O Canto Interior

Crônicas | 2024/1 - Antologia Versos da alma: uma jornada poética coletiva | Matile Facó
Publicado em 20 de Janeiro de 2024 ás 17h 03min

Era numa tarde de outono, quando as árvores despiam suas vestes douradas e o vento sussurrava segredos em cada folha caída, que me deparei com os versos da alma. Não eram palavras entoadas em voz alta, mas sim um murmúrio silente que ecoava nos recantos mais profundos do ser.

Passei por vielas estreitas da existência, onde a luz dourada do entardecer desenhava sombras dançantes no chão. As folhas crocantes sob meus pés sussurravam histórias esquecidas, e eu, como uma viajante solitária, me perdi nos labirintos da minha própria essência.

Os versos da alma eram escritos em lágrimas que a chuva do passado tinha esculpido. Eram risos abafados que se escondiam nas dobras das memórias. Cada cicatriz, como um verso gravado na pele, contava a história de batalhas internas, de amores que floresceram e murcharam como as estações que passaram.

Caminhei por vielas de desejos, onde sonhos se entrelaçavam com a realidade, formando um tapete de promessas não cumpridas e esperanças que resistiam ao teste do tempo. Cada passo era um mergulho mais profundo na melodia silenciosa que ressoava nos corredores da minha própria alma.

Ao contemplar o horizonte, vi o sol se despedir com um espetáculo de cores que pintavam o céu como um poema em constante mutação. Ali, na transição entre o dia e a noite, compreendi que os versos da alma eram a melodia que embalava o crepúsculo da minha jornada.

Encontrei-me diante de espelhos que refletiam não apenas a imagem física, mas também a essência intrínseca. Cada olhar, uma estrofe, cada ruga, uma vírgula que pontuava as experiências vividas. E, ao encarar meu próprio reflexo, percebi que os versos da alma eram uma canção atemporal, entoada desde o primeiro suspiro até o último adeus.

Na penumbra da noite, quando as estrelas se acendiam como versos bordados no manto celeste, compreendi que a vida é uma poesia em constante construção. Os versos da alma, como tinta invisível, escreviam a história única de cada ser, uma narrativa que se desdobrava a cada escolha e a cada passo.

E assim, na serenidade do crepúsculo, mergulhei nos versos da minha própria alma, permitindo que a canção interior ecoasse no silêncio da noite. Porque, afinal, a verdadeira poesia não está apenas nos livros, mas sim nos corações que entoam versos invisíveis, costurando a tapeçaria das vidas que dançam ao ritmo suave do tempo.

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