Há um momento na vida em que há mais pessoas mortas do que vivas entre aquelas que você conheceu, onde as lágrimas por tudo que é ausente alimentam a sede insaciável do tempo a medida que esvai toda a sede da vida. O presente, agora completamente envolto em cansaço, transforma-se em um labirinto inescapável de reflexões penosas, onde toda ideia que se propõe a ser grande é representada por pequenas fagulhas de luz precedidas por um breu intransigente que se estende por todo o meu universo pessoal, devastando tudo com a mesma força e indiferença de um fenômeno da natureza. Instantes de movimento e colaboração social já não me fazem esquecer o quanto viver é solitário, e pensar que a repugnância e o desespero que viver na realidade me causa é fruto de maus hábitos e da ausência de um propósito glorioso é única forma de acreditar que existe algo além da realidade sem sentido que precede a queda silenciosa do meu corpo frio.