Fervi a água como quem aquece a alma,
moí esperas junto ao tempo,
filtrei palavras que não seriam ditas,
e servi presença a quem não viria.
Sentei diante do invisível,
sorvi o silêncio em pequenos goles,
e compreendi:
há encontros que só acontecem na ideia,
há presenças que só vivem na ausência.
O café arrefeceu em mim,
sem boca, sem riso, sem olhos.
Apenas o pensamento
lúcido e amargo de que fui só eu
que realmente estive ali