O balanço
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 21 de Dezembro de 2025 ás 12h 51min
O balanço incessante,
um vai e vem sem fim.
Estou perdida em alto mar,
minha jangada,
um frágil pedaço de madeira,
dançando na fúria azul.
O sol implacável queima,
a água salgada que me envolve,
cada gota,
uma lembrança amarga.
As lágrimas,
elas se misturam ao oceano,
um rio salgado
desaguando na imensidão.
Estou em naufrágio,
corpo exausto,
alma em agonia.
O horizonte,
uma linha tênue,
entre a esperança e o desespero.
O silêncio ensurdecedor
é cortado pelo grito das gaivotas,
espectros brancos
circulando minha agonia.
A sede me consome,
a fome me atormenta,
o medo me paralisa.
O mar,
meu carrasco,
meu túmulo.
Lembro dos sorrisos,
dos abraços,
do lar distante.
Vozes sussurram
em meio ao caos,
mas o mar as abafa.
Talvez amanhã,
a calmaria,
o resgate.
Talvez amanhã,
apenas a escuridão,
o fim.
Mas enquanto houver fôlego,
enquanto houver uma faísca,
luto contra as ondas,
contra o medo,
contra a morte.
Ainda estou aqui,
naufragada,
mas viva.