Nuvens negras

As nuvens negras voltaram a ocultar o meu céu.

A noite estava tão linda, eu contemplava a imensidão e, subitamente,

como um relâmpago, num piscar de olhos,

um vento trazendo nuvens escuras se aproximou.

Tirou a minha paz.

Tornaram minhas noites mais furtivas, dissimuladas, elipsadas, sombrias.

Vivo nessa incessante angústia, na escuridão que quer ocultar a minha doce alma.

É imenso o castigo do qual não sou merecedor.

É sarcástico dizer, mas essa angústia me faz perder o sono,

cochilo pelos cantos,

já não tenho mais a mesma segurança.

Já não me alimento devidamente,

não sinto fome.

Meu organismo só sente sede.

Confesso que não sei dizer se a morte é um consolo

ou os “mortos-vivos” é a melhor solução.

A perda de um ente abre uma chaga imensa que com o tempo há de cicatrizar,

já conviver com um “morto-vivo” é a ferida que não sara nunca.

É devastadora.

É atroz!

Afinal, ao Altíssimo nos entregamos.

Ele é quem nos concede a vida e no tempo certo irá ceifar.

Quero urgentemente me desanuviar dessa dor que assola meu ser.

Quero clarear a minha mente.

Quero parar de chorar lágrimas de amor banhadas de puro sangue inocente.

Quero sentir minha alma presente.

Quero alçar voos sem pesadelos, sem maus sentimentos, sem inimigos.

Quero, assim como uma águia, libertar meus pensamentos da voragem!