No silêncio da estrada, onde o horizonte se finda, 

Meu coração se parte, a saudade me acorrenta. 

O tempo, cruel, levou meu herói sem aviso, 

Faltavam só quilômetros, mas a vida foi preciso.

Em Minas, ele esteve por longos quarenta dias, 

E eu, contando as horas, para um abraço, as alegrias. 

Mas o destino, severo, não quis esperar, 

Na curva do caminho, meu pai deixou de respirar.

Em Rosário Oeste, o ônibus parou, 

E junto dele, meu coração calou. 

Foi uma despedida sem toque, sem adeus, 

Só o eco da dor, que até hoje é só meu.

E então, minha mãe, minha força e minha guia, 

Dois anos se passaram desde o dia em que partia. 

Agora, no vazio que me envolve e consome, 

Busco no vento o som doce do seu nome.

Heróis não usam capas, mas me cobriam de amor, 

E hoje, no peito, carrego essa imensa dor. 

Meus pais, minha âncora, minha luz na escuridão, 

Ainda sinto seus braços, me acalmando em oração.

A poesia une corações em versos de esperança, 

E eu me conecto a vocês em cada lembrança. 

Mesmo ausentes, vocês vivem no meu ser, 

E nas palavras que escrevo, eu volto a os ter.

Neste mundo de distâncias, escrevo para não chorar, 

E, com meus versos, busco a força para continuar. 

Pois sei que, de algum lugar, vocês me veem sorrir, 

E no meu coração, o amor nunca há de partir.

Como filha, sigo o caminho que vocês me mostraram,
Carregando o amor que me deram e que nunca se apaga.
Mesmo com a dor da ausência, sinto que estão comigo,
Nos passos que dou, no ar que respiro, no sonho que vivo.
Obrigada, meus pais, por tudo que me ensinaram —
Seus corações batem no meu, e por vocês, eu sigo.