Natureza, qual é a tua?

Poemas | Isolti Cossetin
Publicado em 21 de Novembro de 2024 ás 18h 41min


Entre raízes antigas e folhas que caem,
o que resta em nós que é puro?
Onde se esconde o instinto que urge,
em meio a concreto, aço e progresso?

Somos terra e carne, pó e espírito,
mas que se desfez, perdeu-se no ar,
na fumaça cinzenta de um mundo apressado.
Seremos nós ainda semente
Ou apenas vestígios de um verde ausente?

Em que essência se encontram nossos passos,
quando o chão que pisamos já não respira?
Que natureza guardamos no peito,
se o outro nos parece tão desnatural?
E o que de nós persiste, quando o rio seca
e a cor da esperança desbota no horizonte?

Será que o que muda nos esvazia,
ou será o eco da mudança o que nos define?
E se tudo muda, o que fica intacto?
Que forças queremos no sangue pulsante,
para sermos raízes firmes na ventania?

Que cores escolhemos para as dores do mundo,
se o arco-íris se dissolve na indiferença?
Qual será o matiz de nossa essência,
quando o olhar se perde no breu das telas,
e a voz do vento é calada pelo ruído?

Natureza, qual é a tua, qual é a nossa?
Que essência queremos preservar em nós?
Que força habita no que é verdadeiro,
quando o que parece natural é desfeito,
e o que resta é só um esboço incerto,
um grito abafado por dentro da alma?

Natureza, qual é a tua?
Tornamo-nos meio homem meio máquina
E está tudo bem, está tudo certo.
Queremos alcançar tudo o que está longe
e nos esquecemos de abraçar aqueles
Que estão tão perto.

Natureza, qual é a tua?
Delegamos nossos filhos aos cuidados
De uma tela virtual.
Alegando que não temos tempo,
mas vivemos vinte e quatro horas
compartilhando conteúdos tão artificiais.

Natureza, qual é a nossa?
 

 

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