No coração alheio, sou visita,
Caminho breve, estadia ligeira,
Não finco raízes, só marco presença,
Na casa de outrem, minha passagem é certeira,
Morada forçada, amor não prospera.
Na porta entreaberta, hesito e paro,
Na soleira, meu sorriso se esvai,
Esperança de lar, no peito, raro,
Mas na morada alheia, o sonho cai,
Forçar minha estadia, um erro claro.
Em cada cômodo, sinto o distanciamento,
Nos olhares fugidios, a mensagem é recebida,
No coração de outrem, sou mero evento,
Minha presença, por fim, não é mantida,
Em terra estranha, não planto sentimento.
Aceito o destino, com leveza e graça,
Deixo a casa que nunca foi minha,
Na jornada, novas portas se abraçam,
Em outro coração, talvez encontre minha sina,
Onde não sou visita, e o amor me enlaça.