Não nos roubarão o Sol

Poemas | Carlos Roberto Ribeiro
Publicado em 12 de Junho de 2025 ás 13h 56min

Nasci com a pele do barro sagrado, tecido do primeiro sopro que beijou a Terra. Cada curva do meu corpo é memória de reis e rainhas que andaram sobre o ouro antes que o mundo soubesse o que era riqueza. Trago nos olhos o brilho de constelações apagadas à força, mas que insistem em brilhar, mesmo sob o peso das sombras impostas.

 

Me disseram que meu cabelo era errado — mas ele é tempestade que não se curva ao vento. Tentaram me ensinar vergonha, mas eu aprendi orgulho. Chamaram meu nome com desprezo, e eu o tornei canto. Apontaram-me como erro, e eu me fiz caminho. Gritaram que eu não podia, e eu fui além.

 

Não nos roubarão o Sol. Mesmo que o céu se feche, nós abrimos o dia com a palma da mão. Somos os herdeiros da dignidade pisada, os que transformam dor em dança, e silêncio em tambor. Onde nos negaram teto, fizemos templo. Onde nos ofereceram grades, semeamos liberdade.

 

Porque ser negro é não esquecer. É erguer-se mesmo quando o mundo empurra. É amar a si quando tudo diz para odiar. É existir com a beleza de quem sobreviveu ao naufrágio e ainda canta no convés.

 

E se ousarem apagar nossa história, nós a escreveremos com fogo.

 

 

Comentários

É saber que no meio de cada universo existe uma luz própria.??

Isabela Lima | 14/06/2025 ás 14:41 Responder Comentários

O emoticon coração no final da frase se transformou em interrogação.? Mas não tenho dúvidas quanto a isso é uma exclamação ?

Isabela Lima | 14/06/2025 ás 14:44 Responder Comentários

Por favor corrijam esse teclado do site .. não estou fazendo nenhuma pergunta apenas afirmando..

Isabela Lima | 14/06/2025 ás 14:46 Responder Comentários

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