Nada é Pra Sempre
É que, na verdade,
nada é pra sempre…
Nem a dor que insiste,
nem a fome que consome em silêncio,
nem o rancor que apodrece no peito.
Nem a beleza que se desfaz no espelho,
nem a riqueza que o tempo devora,
nem a tristeza que se entranha na alma.
Nem a solidão que se arrasta pelos dias,
nem a decepção que corrói as entranhas,
nem a paixão que arde… até virar cinza.
Nem o medo que paralisa os passos,
nem o segredo que morre sufocado,
nem o sossego que se esvai na madrugada.
Nem a distância que dilui os rostos,
nem a tolerância que um dia se cansa,
nem a insignificância que pesa demais.
Nem o fracasso que escreve cicatrizes,
nem o abraço que aquece e depois parte,
nem a frieza que gela até se quebrar.
Nem a leveza que se perde no vento,
nem a canção que se cala sem aviso,
nem a inspiração que se extingue na penumbra…
Nem o amor…
Sobretudo, nem o amor…
Esse também se desfaz,
como névoa, como sombra,
como tudo que é vivo… e morre.
Mas…
se nada é pra sempre,
a dor também passa,
o frio também se quebra,
e a escuridão…
um dia se rende à luz.
Poesia de Impermanência Melancólica. Rose Correia