MUNDOS REVELADOS. Prefácio da Obra "Poesia: Incongruências" (Darcília Lopes Lebron Vargas)

Prefácio | Josivaldo Constantino dos Santos
Publicado em 31 de Outubro de 2022 ás 19h 15min

MUNDOS REVELADOS

Sempre é um desafio prefaciar uma obra poética, pois, para dizer algo significativo de uma obra poética, é preciso entrar na mente do poeta e desnudar seus mundos. Isso mesmo! Mundos, no plural, pois, poeta não vive em um único mundo. Poeta vive em mundos. Como bem diz a poetisa Darcília: vive “no mar, no alto da montanha, no verde, nas cores, no ar”.  E acrescento: vive, onde outros não vivem, vive além do viver do outro.

Com esse prefácio, ouso adentrar em alguns dos mundos dessa poetisa; porém, não ouso interpretá-la, pois, não se interpreta poetas. Nos identificamos ou não com a sua poesia, abrimos ou não abrimos a alma para sua poesia, sua poesia nos toca ou não nos toca, nos invade... ou não. Então, prefaciar esta obra de Darcília, não é dizer o que ela pensa, é dizer de como fui tocado por sua poesia.

Ao ler esta obra, me senti no interior de um mosaico poético, constituído de uma harmonia incongruente. Obra de Musa! (Mosaico). Ser incongruente, é um elogio a todo o poeta, porque, poeta não é lúcido; poeta é criador de mundos, e porque cria, todo poeta “precisa da escassez da lucidez, porque o lúcido, vê só o óbvio”.  Poeta e poesia são incongruentes.

Esta obra é um mosaico de incongruências; arte de uma Musa incongruente. Vejamos: valores familiares, religiosidade, meio ambiente, introspecção, cotidiano, utopia, etapas da vida, futuro, sensações, éticas, espaços, música, alegria, dor, ser, lembranças, denúncia, anúncio, amor, amar, e, ... muito mais, são portais que se abrem para mundos na poesia de Darcília, e,  que foram se desenhando e se constituindo para mim, em um mosaico de temas/mundos que se mesclam e se harmonizam nas incongruências da poesia, visto que, a poesia é um “cordel de pensamentos”  expressos de infindáveis formas.

Insisto em afirmar que a poesia de Darcília é reveladora de mundos. Mundos bem particulares, mundos que me parecem, de sua íntima experiência, tais como “sonhos doces de mãe”. Mundos que revelam sua família como um “ninho quente e acolhedor [...] fonte de amor sem igual” e, por isso, muito segura nas mãos do pai... seu “guia”.  Em sua pessoalidade descreve o seu “quadrado antagônico”, como o seu “espaço” de ação/atuação/realização.  

Outros mundos também se revelam! A poesia de Darcília se (pre) ocupa com o mundo do outro; o mundo do João, do José, da Maria. Darcília toca na ferida de uma realidade sócio/político/econômica, dura, cruel, excludente, que nos coloca em introspecção socrática profunda e que provoca “a vontade do grito na garganta”, pela inquietude e indignação com o que a sociedade está se tornando: “um tabuleiro de xadrez”. Darcília também aponta outros mundos que nos remetem à utopia e ao “inédito viável” freireano. A poetisa nos diz que sempre “há um fio de esperança”, e nos anima, ao poetizar/profetizar que “a tempestade não será eterna”.

Outros mundos? Sim, outros mundos se revelam na poesia de Darcília, além dos mundos que se revelaram para mim. Porém, convido vocês, queridos leitores e leitoras, a se deliciarem com essa obra reveladora de mundos e descobrirem, de acordo com a sensibilidade de cada um e de cada uma, os mundos contidos em cada poesia de Darcília. E, “por falar nisso”... uma coisa eu lhes garanto: a poesia de Darcília é “quintal cheiroso de ervas faceiras”.        

 

                                      Prof. Dr. Josivaldo Constantino dos Santos (escritor e poeta)

                                      Faculdade de Educação e Linguagem – FAEL

                                      Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT

                                      Campus Universitário de Sinop.

 

                                                                                                                    Agosto de 2020

Comentários

Que grande honra ter você, querido professor Josivaldo, como prefaciador do meu livro entitulado: Incongruências! Que você; que é grande poeta, cordelista, músico, representante e incentivador incansável nas áreas da educação, da cultura e da arte, possa receber toda a minha gratidão, meu abraço poético e meus votos de longa, produtiva e próspera vida literária!

Darcília Lebron | 31/10/2022 ás 19:49 Responder Comentários

Parabéns pela obra, poetisa Darcilia Lebron e parabéns ao poeta professor Josivaldo pelo prefácio tão perfeito, onde usa palavras com muita sutileza, aquela que somente os sábios a tem!

Enoque Gabriel | 31/10/2022 ás 21:34 Responder Comentários
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