“Mulher Espartana”
Longe de casa...
Em outro país
A uma universidade me inscrevi
Objetivo cursar o mestrado, de Sinop parti
Em um ônibus adentrei
Depois de dois dias e duas noites as cinco da manhã Asuncion cheguei
Nem sabia o que fazer não falava espanhol
Tão pouco conhecia alguém...
Ali estava sem hotel
Sem ninguém
Busquei um taxi e uma rota tracei
De hotel em hotel nenhum lugar encontrei
O arrependimento bateu forte o chão saiu dos meus pés
Sobravam questionamentos... a quem pedir ajuda?
Estava só... sem saber o que fazer?
Enfim consegui um hotel para a noite passar
As malas ao quarto levei
Na cama sentei
Desesperadamente chorei
Já sem forças a Deus implorei
Deus aqui estou sozinha e com medo...
Por favor! Me mostre um caminho!
E neste momento de dor a mão divina me conduziu
Saí do quarto de hotel em busca de algo ou alguém
Alguém que pudesse me instruir, me orientar!
E eis que de repente escutei pessoas falando em português
Me soo familiar
Quatro professoras brasileiras nesse instante encontrei
E mais que depressa me apresentei
Vocês são de onde?
O que fazem aqui?
-- Somos do Amapá viemos para o mestrado cursar
-- Estamos em uma casa em frente da universidade UAA
Eu nem acreditava o que estava ouvindo!
Era a universidade que eu procurava
Agora me faltava um lugar para ficar
Foi Deus que me encaminhou para esse lugar
Quando me disseram...
-- Vem com a gente!
-- Se a dona da casa te aceitar adotamos você...
-- Estamos em um quarto, tem cinco camas e nós estamos em quatro
-- Se ela te aceitar, nós adotamos você!
As pessoas da casa me acolheram, minha mãe, meus pai e meus irmãos...
Passamos por muitas dificuldades, mas sempre que podiam estendiam a mão
Meu irmão de Asunción de mulher espartana me batizou
Mulher guerreira
Que exércitos enfrentou
Seus medos derrotou
Em uma terra distante
Se libertou...
Se construiu...
E muitos amores conquistou.
Publicado na Antologia n.22