Morte em Vida

 A visão está turva

a neblina espessa segue

e a visão cega,

segue persistente num convite à solidão,

ao isolamento, ao cárcere da prisão mental.

Triste mesmo é ser vivo-morto

estar encaixotado de forma fúnebre num domingo à tarde...

tendo a vida toda pela frente.

Ah se fosse possível tirar a trave dos meus olhos

e o peso espesso do meu coração,

sairiam de perto de mim as aves de rapina

que famintas esperam a minha hora de dor

de automutilação.

...mas será que é possível, no bifurcamento da Estrada

tomar outro caminho dentro da encruzilhada?

Vejo um olho caolho que me vigia

Debaixo de um facho de luz,

que me chama e me convida

a sair do sepulcro

em dias menos sombrios, mais tropicais

mais quentes no esconderijo das Sombras

dos meus próprios Fantasmas.

 ...se reajo ao convite dos vermes mortais

reergo das cinzas corajosamente como Fénix

em busca da Luz interior.

Ainda que me visite a morte em vida

e que me veja rumo ao sepulcro de lápide transparente

em marcha fúnebre,

ah , rasgarei as ataduras que me amarram e

encontrarei em mim,

dentro de mim

a luz necessária para encontrar o caminho e me colocar de pé.

                                               (Darcília Lebron, junho de 2024)