Mordaça

Prosa Poética | Romeu Donatti
Publicado em 11 de Junho de 2024 ás 20h 02min

A mordaça que cala muitas mulheres chama-se medo.

E cobre de silêncios tantas vidas amarguradas.

São mulheres violentadas e traídas por quem jurou amor e respeito.

Sentimentos tão vazios e fugazes quantos os tapetes e as escadas utilizados para justificar os hematomas.

Mais que calar, essa mordaça rouba a dignidade, fere a autoestima e destrói o amor próprio.

São feridas que mesmo quando tratadas demoram a cicatrizar e outras nunca chegam a esse fim.

A mordaça que cobre bocas sedentas por justiça, respeito e integridade também emudece outras bocas que omissas se calam.

Quem se cala, nem sempre consente, mas sente na pele, a dor de não poder falar, e principalmente, de não ser ouvido.

O grito reprimido na garganta, ensurdece. Fala mais alto que o olho roxo, que sangra!

 

Vozes caladas, silenciadas, mudas, emudecidas.

É tempo de gritar, esbravejar, denunciar.

Não à mordaça!

Não ao silêncio!

Não à violência!

Quem fala, sente! Sente alívio, sente que está vivo, que é gente!

Quem cala, se ressente! Ressente-se de ser tratado, vilmente.

Quem se omite, é conivente! Fale, imediatamente.

Quem ama, não agride! Ama, pura e incondicionalmente.

Livro: O que quero da vida

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