A mordaça que cala muitas mulheres chama-se medo.
E cobre de silêncios tantas vidas amarguradas.
São mulheres violentadas e traídas por quem jurou amor e respeito.
Sentimentos tão vazios e fugazes quantos os tapetes e as escadas utilizados para justificar os hematomas.
Mais que calar, essa mordaça rouba a dignidade, fere a autoestima e destrói o amor próprio.
São feridas que mesmo quando tratadas demoram a cicatrizar e outras nunca chegam a esse fim.
A mordaça que cobre bocas sedentas por justiça, respeito e integridade também emudece outras bocas que omissas se calam.
Quem se cala, nem sempre consente, mas sente na pele, a dor de não poder falar, e principalmente, de não ser ouvido.
O grito reprimido na garganta, ensurdece. Fala mais alto que o olho roxo, que sangra!
Vozes caladas, silenciadas, mudas, emudecidas.
É tempo de gritar, esbravejar, denunciar.
Não à mordaça!
Não ao silêncio!
Não à violência!
Quem fala, sente! Sente alívio, sente que está vivo, que é gente!
Quem cala, se ressente! Ressente-se de ser tratado, vilmente.
Quem se omite, é conivente! Fale, imediatamente.
Quem ama, não agride! Ama, pura e incondicionalmente.
Livro: O que quero da vida