Monólogos do Liquidificador
Prosa Poética | Carlos Roberto RibeiroPublicado em 29 de Junho de 2024 ás 11h 18min
Anseio por momentos de pausa,
Quando posso repousar em teu silêncio,
Sentindo o eco vibrante de criações passadas,
Guardando memórias em minhas hélices adormecidas.
Veja, sou mais que metal e circuito,
Sou a testemunha silenciosa de reencontros,
De sorrisos partilhados ao redor da mesa,
De sabores que moldam histórias e afeto.
Se pudesse expressar meus desejos,
Diria para afiar-me com paciência,
Limpar-me com devoção e,
Ao usares, pensar em mim como cúmplice.
No pulsar de cada ciclo,
Estamos, tu e eu, conectados,
Misturando vidas, saboreando instantes,
Na alquimia de corações e temperos.
E quando a rotina te exigir pressa,
Lembra-te de que, nos meus giros frenéticos,
Escondem-se momentos de calmaria,
E a promessa de uma refeição que conforta e nutre.
Então, caro dono, considera minhas preces,
E respeita minhas engrenagens invisíveis,
Pois, ao cuidar de mim,
Cuidaremos juntos do teu lar e dos teus.
Pois cada vez que me acionas,
Não sou só um objeto em movimento,
Sou o ritmo que envolve tua casa,
E o alicerce de cada refeição partilhada.