MONÓLOGO DO JACARANDÁ, REI DA COLINA
Poemas | 2024/4 - Antologia Harmonia poética: Encontro de palavras e amores | Edson BentoPublicado em 02 de Abril de 2024 ás 08h 47min
Monólogo do jacarandá, rei da colina
Era eu uma semente de jacarandá
Fértil e prontinha para germinar
Fui desprendida da cápsula lenhosa
Duas valvas castanho escuras
Eu, um discoide de asas arredondadas
Semente natural extremamente rara
Como uma pluma leve marrom clara
A mercê do tempo e de um vento para
voar!
Vivi aqui dentro por um longo período
Amadurecimento que eu me propus
Até que as valvas pudessem me liberar
Foram quase dois anos de gestação
Agora levo sonhos no meu coração
Onde será sinceramente não sei
Aonde o vento me levar germinarei
E, assim, florescerei minhas pétalas
azuis!
Em uma tarde quente de ventos alísios
Que sopravam regulares e constantes
Balançavam-me e em poucos instantes
De repente via-me bem desprendida
Voando freneticamente pelos ares
Sem destino também sem guarida
Esperando aquele grande momento
De pousar em solos altamente ricos e
férteis!
Deixei minha mãezinha no vale
Aquela linda árvore que me deu a vida
Seu amor e carinho foi uma dádiva
Seu lema era crescer e multiplicar
Florescer todo o vale de jacarandá
Nossa espécie do homem proteger
A fauna e a flora assim enriquecer
Com o mais belo azul da cor céu e do
mar!
Porém, vejam vocês a minha sina
Os ventos alísios me levaram rio acima
Deixando-me cair no alto da colina
Em meio as colunas de pedras sólidas
Foi tão grande o desespero que chorei
Em minhas próprias lágrimas escorreguei
E para aumentar a triste contenda
Entre as rochas me debati e caí numa
fenda!
Para minha surpresa ou talvez sorte
A chuva caiu logo que os ventos do norte
Nos vales foram desaparecendo
Eu molhada e de alegria tremendo
Senti a areia forrada e molhada
Aos poucos ela foi me umedecendo
As rochas estavam me protegendo
Estava pronta para ali ser germinada e
abençoada!
E assim, nasci, cresci, também floresci
Hoje sou único, jacarandá, rei da colina
Daqui posso ver todo o colorido do vale
Como também toda vegetação alpina
E minha mãe com a mesma disciplina
Com as suas pétalas azuis, cristalinas
Colorindo todo o vale que a vida me deu
Uma vitória coroada pelos sonhos azuis,
meus!
Edbento
Comentários
Que belo poema épico, da grandeza do poeta. Parabéns! Este poema deverá ser lido, relido e propagado das mais diversas forma, posto a beleza que apresenta em seus versos. Enoque Gabriel, Égamo.
Enoque Gabriel Moraes | 02/04/2024 ás 15:03 Responder Comentários