Conta-se a história de um casal que tomava café da manhã no dia de suas bodas de prata. A mulher passou a manteiga na casca do pão e o entregou para o marido, ficando com o miolo.

Ela pensou:

“Sempre quis comer a melhor parte do pão, mas amo demais o meu marido e, por 25 anos, sempre lhe dei o miolo. Mas hoje quis satisfazer meu desejo. Acho justo que eu coma o miolo pelo menos uma vez na vida”.

Para sua surpresa, o rosto do marido abriu-se num sorriso sem fim e ele lhe disse:

“Muito obrigado por este presente, meu amor… Durante 25 anos, sempre desejei comer a casca do pão, mas como você sempre gostou tanto dela, jamais ousei pedir!”

Existe um grande número de relacionamentos muito positivos, com dedicação e altruísmo. As pessoas partilham e inúmeras vezes conseguem superar as dificuldades mantendo-se unidos apaixonados e até devotados. Seria perfeito se não houvesse certos detalhes: a falta de comunicação e a percepção de que o outro tem prioridades e preferências diferentes.

Vamos refletir a história acima. A mulher vivia abrindo mão daquilo que mais apreciava em favor do marido, e o marido com medo de magoa-la nunca reclamava, e assim viveram 25 de casamento. Isso pode ser muito frequente nos hábitos dos casais, se você está algum tempo com alguém recorde as diversas situações que se repetiram e consideraram as melhores escolhas para ambos. Pode ser coisas simples como hábitos alimentares, lazer, pequenos agrados. Tal situação acontece de maneira casual, por exemplo em um dado momento aquele presente, aquela atividade fora percebida como satisfatória. Até é possível que no momento fora positivo, mas as pessoas mudam e como elas as necessidades também.

Conheço muito bem casais que diziam gostar de determinados filmes de comédia, e seguiam a rotina como se fosse um dos melhores programas a serem feitos. Todavia, o que eles não analisaram era que um havia sugerido para agradar o outro, e o outro por sua vez gostou da iniciativa e não do filme como não queria desagradar mostrou satisfação e isso foi repetindo por anos. Tudo baseado em um comentário de que aquele momento fora agradável, prazeroso. Porém fora pela atitude e não pelo estilo de filme escolhido.

Mas você deve estar perguntando qual a importância em um relacionamento da parte do pão ou do estilo de filme?

É que a lógica é a mesma para as questões mais impactantes do convívio. Apenas para ilustrar algumas situações: gostar de uma cidade não necessariamente quer dizer querer morar nessa mesma cidade. O momento de ter filhos. A carreira profissional. O estilo de vida. As amizades, e tudo mais. Nessas situações a longo prazo os impactos podem tornar cobrança de sacrifícios feitos, mas o outro assusta, pois, a imagem que era transmitida era eu fizera isso por que eu gostava, e não eu abri mão porque acreditei que você gostava.

Manter um diálogo constante e pedir feedback são atitudes simples que podem diminuir e muito tais situações. Não tenha verdades cristalizadas mesmo que em um certo momento da vida ele ou ela possua determinada opinião, todos temos direitos de mudar de opinião e possivelmente mudaremos de necessidades.

Ter visão cristalizada é uma forma de conviver com o outro que apenas idealizamos, e não como as pessoas realmente são ao longo do tempo.

Seja claro em sua comunicação, evite tentar interpretar o que o outro não diz partindo do que você faria, ou ainda de situações anteriores com motivações e necessidades diferentes e, portanto, passiveis de comportamentos diferentes.

Se você quer conviver bem com alguém faça isso com a alegria e a certeza que observar o outro só é eficaz se observamos pelo presente, não pelo futuro e muito menos pelo passado. E o relacionamento é sempre flutuar entre o que eu tenho de expectativa e o que situação revela como necessário.

Publicado em:

Leite, Manoel Rodrigues. 7 atitudes para um relacionamento sem stress. Sinop – MT: Ações Literárias Editora, 2019