“Sonho que se sonha só é mais um sonho que se sonha só. Sonho que se sonha junto é realidade” (Raul Seixas), começar com uma frase que resume a importância do outro fazer parte dos sonhos, tanto pela conquista como pela partilha. Neste capítulo abordaremos três aspectos desse sonhar com o outro, cada um deles são de grande importância e precisam ser entendidos como complementares para uma boa convivência.

O primeiro diz respeito aos sonhos individuais, visto que estar com alguém não é de forma alguma perder a individualidade. Nesse sentido existem sonhos que são exclusivamente de um dos membros do casal, geralmente tais sonhos já existiam antes do envolvimento com o outro, ou ainda foram se estruturando ao longo do tempo. Negociar e respeitar a importância de tais sonhos é valioso para o bem estar da relação. Os exemplos mais comuns são ligados a objetivos pessoais como práticas esportivas, hobbies, autoconhecimento, conhecer lugares. Por que tais sonhos precisam de negociação, pois em muitos casos não envolve a participação do outro, como por exemplo fazer escaladas, ou participar de rali, talvez o outro companheiro nem aprecie essa atividade, nem muito menos veja a necessidade de também a realizar. Contudo, para que o outro consiga realizar precisará de preparo nas mais diversas formas, financeiro, tempo, dedicação, habilidades, participação de novos grupos sociais e muito mais. E o apoio do companheiro (a) como será recomeçado, afinal de contas este ou esta abriu mão do tempo de convivência e de muitas atividades que poderia ser realizada em conjunto. Tem um sonho que percebi ao longo da minha carreira como docente em universidades, o sonho de uma determinada profissão, onde a pessoa precisa se dedicar por longos anos se ausentando do convívio familiar e abrindo mão de inúmeras experiências do casal. Nessa situação se não houver uma visão mais ampla os conflitos tentem a acontecer.

As pessoas quando apoiam o sonho das pessoas que amam, sim na maior parte das vezes entendem o quanto aquilo é valoroso para o outro (a). Mas, isso não diminui a ausência sentida, ou mesmo o que fazer com o tempo sem a presença do outro. É comum quem estar em busca do sonho reclamar de falta de apoio, quando na verdade simplesmente é a necessidade daquele que está por apoiar sendo ignorada, como se ao decidir apoiar não gerasse nenhum sentimento, ou em certas situações distanciamento entre o casal. O que recomendo para essa situação é que tanto quem busca o sonho como aquele que apoia o seu sonho precisa de atenção, e é justamente que apoia precisa ser recompensado com mais frequência e cordialidade. Haja visto que a própria preparação possa já se reforçadora para quem busca o sonho, mas para o expectador isso não é o suficiente. Dê atenção a quem te apoie e nunca se esqueça que o tempo não é o mesmo para que parte e para quem fica. Apoiar o sonho do companheiro é fundamental, mas apoiar quem te dar apoio é mais essencial ainda.

O segundo aspecto dos sonhos são quando os sonhos mesmo sendo individual, permitem incluir o outro. Essas são oportunidades que enriquecem ainda mais a relação, mas para que isso ocorra da melhor maneira não deve ocorrer competições de quem seria a ideia originalmente, e sim aliar estratégias para uma realização mais prazerosa possível para ambos. O exemplo que ilustro é de querer aprender a dançar mesmo que seja um desejo individual, o casal fizer junto ambos irão aproveitar a experiência, e isso tende a unir o casal. Você leitor (a) faça uma anotação quantos sonhos pequenos ou grandes você tem e que poderia perfeitamente incluir o seu companheiro (a) nele. Ao anotá-lo apresente o que você considera mais viável para o seu momento de vida, e exponha de uma maneira bem simples: “Querido (a) eu tenho um sonho e seria muito gratificante realizar junto com você! Você poderia pensar na possibilidade de realizarmos este sonho juntos como uma equipe? Realmente ficaria muito grato se fizéssemos isso junto!”. Viu não é difícil queira incluir as pessoas que você ama em suas atividades, e elas serão mais incluídas em seu coração e você também será mais incluído no coração delas.

O terceiro tipo de sonhos são aqueles que surgiram em conjunto no decorrer da relação. Podem ser confortantes ou gerar muitos desapontamentos. Saliento este último, devido a três questões que merecem cuidado: a) todo sonho precisa ter uma estimativa realista sobre cada etapa necessária para se alcançar, a falta de estimativa realista faz com que as pessoas percebam como inalcançáveis, visto que etapas são referências para se alcançar o todo; b) o tempo é um aliando e não o inimigo, saiba colocar o tempo em seus sonhos, não adie se planejamento, quanto mais tempo demorar para semear mais tempo levará para colher; e c) saibam se comunicar, a comunicação eficaz é alivio à alma, mas a comunicação impudente causa sofrimento nos coração, avalie sua comunicação e utilize sempre pensando no bem comum.

E, por fim elaborar e lutar por sonhos comum é uma das coisas que fazem sentido e unem os casais, quando mais objetivos comuns mais saberão lidar com as diferenças, e maior e melhor será o seu grau de afinidade com o seu companheiro (a). Portanto, se você tem pouco sonho em comum, construa, dialogue e se organize para esta experiência reconfortante e prazerosa.

Publicado em:

Leite, Manoel Rodrigues. 7 atitudes para um relacionamento sem stress. Sinop – MT: Ações Literárias Editora, 2019