Meu e nosso Rio Pardo !
Rio Pardo da ladeira de pedra
feita pelas mãos dos escravos,
que desfilou nosso Imperador Dom Pedro II
e suas ruas de meios fios de paralelepípedos
como espadas afiadas,
onde os desfiles das brigas e
escolas no Vinte de setembro
batiam suas lanças e esporas.
Casarões e solares com fachadas portuguesas,
onde os Príncipes, Barões e Comendadores
refugiavam em férias de verões e invernos,
tiveram escravos em seus porões
acorrentados como suvenir das suas luxurias.
Da escola militar dos Dragões
que vinham meninos estudarem
saiam homens e comandantes, para
os pelotões das brigadas e nos campos de
batalhas ficaram muitos sem retornar.
Virou capital farroupilha,
que alterou a cor do nosso chão,
com um dos combates mais sangrentos,
que deixou o Barro Vermelho marcado
com este nome gravado neste naco de chão.
Igrejas e catedrais feitas por escravos e índios,
que tinham porões e tunes, para que
pudessem fugir das perseguições espanholas.
Minha Catedral com a torre do tempo,
com seu relógio e galo imponente,
que marca chuva e seca, para suas
colheitas e flores dos campos.
E do padre Preto e Orlando, com
suas missas de amor e família
visitando suas casas.
Da enchente de 1941 que inundou
suas casas e sua Estação Ferroviária,
que deixou seus cidadãos
de calças remangadas.
E o colégio dos seminaristas
onde acolhia jovens de todos os
lugares, para ordenarem padres
e levar a palavra de Deus
nos lugares mais longínquos deste rincão;
onde as escolas faziam
suas confraternizações com
seus piqueniques,
e as crianças aprendiam
viver como irmão.
Escola Ernesto Alves, Vila Guerino,
Auxiliadora e Fortaleza da minha mãe professora,
Florinda Cassepp, onde acolheu meninos
fez homens e caudilhos combatentes
da honra e do caráter que transcenderam o tempo.
Estádio Amaro Cassepp onde as partidas
de futebol, eram disputadas
no bico das chuteiras
dos campeonatos Municipais e de várzea...
Mães que caminharam pelas
ruas, em luta do sustento de seus
filhos e reescreveram suas histórias,
que na lapide das calçadas
onde seus nomes estão gravados
com suor e lagrimas das lutas travadas.
Minha e nossa Estação Ferroviária trouxe
o progresso, onde embarcarão e desembarcaram
nossos sonhos, conquistas, despedidas e
desilusões para nunca mais voltar...
Há e o café Central e Gaúcho com suas mesas
nas calçadas, onde os fazendeiros e capataz
sentavam no fim do dia, para tratar de negócios,
tomar um trago tirando a poeira da goela
e lida do campo.
E o povo que vinha de Capivari,
Albardão, Rincão Del Rei, Passo do Sobrado,
Encruzilhada e Pântano Grande pelo
expresso Rio Pardo para tratar negócios ou
vinha para saúde no Hospital dos Passos.
Ramiz Galvão de tantas idas e vindas
de minha infância, a ponte do Couto
que ligava Passo do Sobrado
encantava-me sua construção
com seus arcos Romanos imponentes.
Clube Literário dos nobres, que em seu
salão só a nobreza dançava
com sua galhardia e desfilavam
com suas pumas e paetês.
Clube Taquari ergueu seus palanques
e marcou com simplicidade sua história,
mas finalidade era mostrar a existência
e a força da classe média.
CTG Rodeio da Saudade dos lenços
maragatos e chimangos
de tantas gerações já vividas,
que hoje ainda tremula
seu estandarte em suas saudades.
Do canhão do seu Biagio Tarantino
que disparava para homenagear
os gaúchos na semana Farroupilha,
que defenderam essa Tranqueira
Invicta que nunca foi derrotada...
Minha vendinha da infância
um sobrado de uma porta só
Dona Castorina, que lá comia
minhas guloseimas e refrigerante
Laranjinha de garrafinha.
Aprisionou uma orquestra real
para criar nosso hino, contando a bravura
do nosso povo Gaúcho, que hoje cantamos
com louvor para todas as nações escutar,
e seu lenço vermelho maragato
usamos com orgulho e nossos estandartes,
como identidade para todas as gerações
se lembrarem o povo aguerrido.
Meu rio que sérvio de porto, para
transportar: pessoas, alimentos, amor, despedidas...
Em seu leito mais alto construiu uma
Fortaleza Jesus Maria José,
e trouxe a morte para quem desafiou
e deixou gravado em seu
Brasão, que o tempo não apagou
aqui está a Tranqueira Invicta
nunca vencida do meu
e nosso Rio Pardo !!!
Jorge Cassepp
Amo e Basta
Comentários
O poeta contou em versos a história de um povo aguerrido que escreveu a liberdade com tinta de sangue! Parabéns!
ENOQUE GABRIEL | 01/08/2022 ás 15:32 Responder Comentários