Meu e nosso Rio Pardo !

Poemas | Jorge Cassepp
Publicado em 01 de Agosto de 2022 ás 13h 32min

Meu e nosso Rio Pardo !

 

Rio Pardo da ladeira de pedra

feita pelas mãos dos escravos,

que desfilou nosso Imperador Dom Pedro II

e suas ruas de meios fios de paralelepípedos

como espadas afiadas,

onde os desfiles das brigas e  

escolas no Vinte de setembro

batiam suas lanças e esporas.

 

Casarões e solares com  fachadas portuguesas,

onde os Príncipes, Barões e Comendadores

refugiavam em férias de verões e invernos,

tiveram escravos em seus porões

acorrentados como suvenir das suas luxurias.

 

Da escola militar dos Dragões

que vinham meninos estudarem

saiam homens e comandantes, para

os pelotões das brigadas e nos campos de

batalhas ficaram muitos sem retornar.

 

Virou capital farroupilha,

que alterou a cor do nosso chão, 

com um dos combates mais sangrentos,

que deixou o Barro Vermelho marcado

com este nome gravado neste naco de chão.

 

Igrejas e catedrais feitas por escravos e índios,

que tinham porões  e tunes, para que

pudessem fugir das perseguições espanholas.

 

Minha Catedral com a torre do tempo,

com seu relógio e  galo imponente,

que marca chuva e seca, para suas     

colheitas e flores dos campos.

E do padre Preto e Orlando, com

suas missas de amor e família

visitando  suas casas.

 

Da enchente de 1941 que inundou

suas casas e sua Estação Ferroviária,

que deixou seus cidadãos

de calças remangadas.

 

E o colégio dos seminaristas

onde acolhia jovens de todos os         

lugares, para ordenarem padres

e levar a palavra de Deus

nos lugares mais longínquos deste rincão;

 onde as escolas faziam

suas confraternizações com

seus piqueniques,

e as crianças aprendiam

viver como irmão.   

 

Escola Ernesto Alves, Vila Guerino,

Auxiliadora e Fortaleza da minha mãe professora,

Florinda Cassepp, onde acolheu meninos

fez homens e caudilhos combatentes

da honra e do caráter que transcenderam o tempo.

 

Estádio Amaro Cassepp onde as partidas

de futebol, eram disputadas

no bico das chuteiras

dos campeonatos Municipais e de várzea...

 

Mães que caminharam pelas

ruas, em luta do sustento de seus

filhos e reescreveram suas histórias,

que na lapide das calçadas

onde seus nomes estão gravados

com suor e lagrimas das lutas travadas.

 

Minha e nossa Estação Ferroviária trouxe

o progresso, onde embarcarão e desembarcaram

nossos sonhos, conquistas, despedidas e

desilusões para nunca mais voltar...

 

Há e o café Central e Gaúcho com suas mesas

nas calçadas, onde os fazendeiros e capataz

sentavam no fim do dia, para tratar de negócios,

tomar um trago tirando a poeira da goela

e lida do campo.

 

E o povo que vinha de Capivari,

Albardão, Rincão Del Rei, Passo do Sobrado,

Encruzilhada e Pântano Grande pelo

expresso Rio Pardo para tratar negócios  ou

vinha para saúde no Hospital dos Passos.

 

Ramiz Galvão de tantas idas e vindas

de minha infância, a ponte do Couto

que ligava Passo do Sobrado

encantava-me sua construção

com seus arcos Romanos imponentes.

 

Clube Literário dos nobres, que em seu

salão só a nobreza dançava

com sua galhardia e desfilavam

com suas pumas e paetês.

 

Clube Taquari ergueu seus palanques

e marcou com simplicidade sua história,

mas  finalidade era mostrar a existência

e a força da classe média.

 

CTG Rodeio da Saudade dos lenços

maragatos e chimangos

de tantas gerações já vividas,

que hoje ainda tremula

seu estandarte em suas saudades.

 

Do canhão do seu Biagio Tarantino

que disparava para homenagear

 os gaúchos na semana Farroupilha,

que defenderam essa Tranqueira

Invicta que nunca foi derrotada...

 

Minha vendinha da infância

um sobrado de uma porta só

Dona Castorina, que lá comia

minhas guloseimas e refrigerante

Laranjinha de garrafinha.

 

Aprisionou uma orquestra real

para criar nosso hino, contando a bravura

do nosso povo Gaúcho, que hoje cantamos

com louvor para todas as nações escutar,

e seu lenço vermelho maragato

usamos com orgulho e nossos estandartes,

como identidade para todas as gerações

se lembrarem o povo aguerrido.

 

Meu rio que sérvio de porto, para

transportar: pessoas, alimentos, amor, despedidas...

Em seu leito mais alto construiu uma

Fortaleza Jesus Maria José,

e trouxe a morte para quem desafiou

e deixou gravado em seu

Brasão, que o tempo não apagou

aqui está   a Tranqueira Invicta

nunca vencida do meu

 e nosso  Rio Pardo !!!

 

 

Jorge Cassepp

Amo e Basta

 

Comentários

O poeta contou em versos a história de um povo aguerrido que escreveu a liberdade com tinta de sangue! Parabéns!

ENOQUE GABRIEL | 01/08/2022 ás 15:32 Responder Comentários
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