Meu Barquinho de Papel
Meu barquinho de papel
saiu a navegar;
em busca de novos ares,
decidiu se aventurar…
Meu barquinho de papel
enfrentou tempestades;
não perdeu a coragem,
seguiu sem hesitar…
Meu barquinho de papel
viu noites enluaradas
e outras tão sombrias;
viu estrelas cintilar,
enfrentou mares frios…
Meu barquinho de papel
rema, rema… sem olhar para trás.
Meu barquinho de papel
viu sereias encantadas,
se encantou ao ver marinheiros
velejar e, no canto da sereia,
viu o marinheiro naufragar…
Meu barquinho de papel
viu gaivotas a planar
entre nuvens passageiras,
no imenso céu mesclado.
Sobre ondas revoltas,
viu os raios a dançar…
Meu barquinho de papel
passou por rochas e encostas,
descobriu praias douradas,
sentiu o vento brincar
nas ondas que vão e voltam…
Meu barquinho de papel
quase se desfez ao vento,
mas soube se refazer,
reinventando o próprio tempo…
Meu barquinho de papel
rema, rema… sem parar.
Meu barquinho de papel
conquistou horizontes,
se deixou levar
pelas águas que despertam
outros a navegar…
Meu barquinho de papel
não se deixa ruir;
segue firme seu percurso,
sem pensar em desistir…
Meu barquinho de papel
segue o fluxo da maré,
arrebentando paradigmas,
levando sua história em pé…
Meu barquinho de papel
rema, rema… desafiando o mar.
Meu barquinho de papel
não pensa em ancorar.
No mar aberto da vida,
vai navegando sem cessar…
Meu barquinho de papel
sabe bem como é:
o mar que está à frente
é profundo, não dá pé.
Segue firme sua jornada,
rema sempre, rema forte,
desafiando a própria sorte...
Meu barquinho de papel
busca um porto, quem sabe um lar,
mas enquanto o mar o chama,
vai remando em alto-mar…
Poesia reflexiva. Rose Correia.