MEMÓRIA

Sonetos | Alexandre Mendes
Publicado em 24 de Abril de 2024 ás 11h 15min

A fúria da onda que troveja,

Flutissonante, que molda o estado

Na costa que esculpe a vareja

Presente que no futuro é passado

 

Como o que ao “eu”, o tempo trágico

Apaga o que se sonhou ou viveu

Cria, a memória, ciclope ilógico

Da areia do real e bruma de Orfeu

 

Dessas quimeras baças que lembramos

Hoje vivas verdades, que juramos

O que por vezes não aconteceu

 

Se o vivo na memória é o construto

Se o resto, levou o mar astuto

Que importa se realmente sucedeu

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