Melíflua Manuela

Poemas | Romeu Donatti
Publicado em 11 de Outubro de 2022 ás 07h 49min

Ainda menina, em tenra idade
foi prometida ao convento,
à revelia, contra sua vontade.

Na quermesse da igreja
nossos olhares se cruzaram.
Centelha ardente e cativa
paixão e amor despertaram.

Nunca vi flor mais bela!
Nem tão meiga e formosa,
mas à vida religiosa
dedicava-se aquela donzela.

Manuela era seu nome.
Trágico era seu destino.

Sempre a via na janela,
ou de soslaio na capela.
Minha melíflua Manuela.

Sonho.
Ternura.
Devaneio.
Loucura.

Amar a Deus?
Amar o homem?
Não havia espaço para dois amores.

Sua ausência, inquietação.
Sua presença, mansidão.
Seu sorriso, calmaria.
Rogo à Virgem Maria
de joelhos, com fervor
abençoe, Santa Mãe, nosso amor.

Seria eu feliz ao ter seu amor?
Não havia espaço para dois amores!

Assim não quis o destino.
Manuela gravemente adoeceu!
Em desatino, chorei feito menino!

Todos os dias diante da capela
acendia, esperançoso, uma vela.
Entoava, benfazejo, prece singela
à recuperação da mimosa Manuela.

Em um dia chuvoso e cinzento
prostrado... em sofrimento,
soube, ali, diante do convento
de seu sinistro passamento.

Era uma vez...
Uma linda donzela.
Uma triste capela.
Uma apagada vela.
Uma vazia janela.
Adeus, doce Manuela.

 

Comentários

Lindo poema, parabéns ilustre poeta Romeu!

Edbento | 11/10/2022 ás 12:02 Responder Comentários

Lindo poema, parabéns ilustre poeta Romeu!

Edbento | 11/10/2022 ás 12:02 Responder Comentários

Quanta tristeza, poeta, embriagada de beleza a sua poesia! Parabéns!

Enoque Gabriel | 11/10/2022 ás 16:41 Responder Comentários

Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.