Mané da Estrela: O Mistério da Lua Azul

Contos | Claison Maldonado das Neves
Publicado em 25 de Maio de 2024 ás 17h 13min

Em uma noite quente de verão, quando a lua brilhava como um olho curioso no céu, Mané da Estrela reuniu seus netos na varanda. Eles se acomodaram em almofadas, olhando para o avô com expectativa. Mané sorriu e começou sua história:

“Meus queridos, há muitos anos, quando eu era jovem e destemido, vivi uma aventura que mudou minha vida. Era a época da Lua Azul, um fenômeno raro que acontece quando temos duas luas cheias no mesmo mês.”

Mané havia ouvido falar de um tesouro escondido nas profundezas da Serra do Cangaço. Dizia-se que um antigo cangaceiro, conhecido como “Olhos de Serpente”, havia enterrado suas riquezas lá. Mané, com sua sede por histórias e sua coragem inabalável, decidiu partir em busca desse tesouro.

Ele cavalgou por dias, seguindo trilhas estreitas e desafiando os perigos da caatinga. As estrelas eram suas guias, e a Lua Azul parecia sorrir para ele, como se aprovasse sua busca. Mané enfrentou cobras venenosas, atravessou riachos e dormiu sob o céu estrelado.

Finalmente, chegou à entrada de uma caverna escura. As paredes eram cobertas de musgo, e o ar cheirava a mistério. Mané acendeu sua lanterna e adentrou o desconhecido. A cada passo, ele sentia o peso da história sobre seus ombros.

No coração da caverna, encontrou uma estátua de pedra. Era um cangaceiro com olhos de serpente esculpidos com perfeição. Mané sabia que estava perto do tesouro. Ele tocou os olhos da estátua, e uma passagem secreta se abriu.

Mané seguiu o túnel estreito até uma câmara subterrânea. Lá, diante de seus olhos, estava o tesouro do lendário cangaceiro. Moedas de ouro, joias brilhantes e pergaminhos antigos. Mas havia algo mais: uma linda lua azul, feita de safira.

Mané pegou a lua azul e sentiu sua energia mágica. Ela parecia pulsar em suas mãos. Ele sabia que não poderia levar o tesouro consigo, mas a lua azul o escolheu. Mané fez uma promessa silenciosa de protegê-la e compartilhar sua história com o mundo.

Ao sair da caverna, Mané viu a Lua Azul no céu. Ela brilhava com intensidade, como se soubesse que seu segredo estava seguro com ele. Mané voltou para casa, e a lua azul passou a iluminar suas noites de contação de histórias.

E assim, Mané da Estrela se tornou o guardião da Lua Azul. Ele nunca revelou seu verdadeiro valor, mas todos que ouviam suas histórias sentiam a magia em suas palavras. Os netos de Mané cresceram acreditando que a lua azul ainda brilha, esperando por alguém corajoso o suficiente para encontrá-la.

E assim, nas noites quentes de verão, Mané da Estrela continuava a contar suas histórias, com os olhos brilhando como as estrelas que ele tanto amava.

 

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