Mané da Estrela e o Segredo do Lobisomem

Contos | Claison Maldonado das Neves
Publicado em 25 de Maio de 2024 ás 17h 15min

Em uma noite de lua cheia, quando as sombras se alongavam e os grilos cantavam suas canções noturnas, Mané da Estrela reuniu seus netos ao redor da fogueira. O crepitar das chamas dançava em seus olhos enquanto ele preparava o palco para mais uma de suas incríveis histórias.

“Meus pequenos,” começou Mané, com sua voz grave e envolvente, “hoje vou contar-lhes sobre a noite em que enfrentei um lobisomem.”

Os netos se aconchegaram mais perto, a excitação e o medo misturados em seus rostos. Mané continuou:

“Quando eu era jovem, não mais velho que Joãozinho ali,” disse ele, apontando para o mais novo dos netos, “eu vivia aventuras que vocês só podem sonhar. Mas nenhuma foi tão perigosa quanto a noite em que o lobisomem veio à nossa fazenda.”

Era uma época em que as lendas ganhavam vida sob o manto da escuridão, e os moradores da região sussurravam histórias de um homem amaldiçoado que se transformava em fera nas noites de lua cheia. Mané, sempre corajoso, nunca acreditou nessas histórias… até aquela noite.

“Eu estava voltando para casa depois de um longo dia de trabalho no campo,” disse Mané, “quando ouvi um uivo que gelou meu sangue. Era um som que não pertencia a este mundo, um chamado selvagem que ecoava pelas colinas.”

Mané parou por um momento, deixando a tensão crescer. Os netos se agarraram uns aos outros, pendurados em cada palavra.

“De repente, uma sombra enorme saltou na minha frente. Era o lobisomem, com pelos negros como a noite e olhos que brilhavam como brasas. Ele rosnou, mostrando dentes afiados como navalhas.”

Mané fez uma pausa dramática, olhando para o céu onde a lua cheia brilhava.

“Mas eu não corri. Eu sabia que tinha que proteger nossa fazenda e minha família. Então, enfrentei a criatura. Lutei com todas as minhas forças, usando tudo o que a natureza me deu.”

Os netos estavam hipnotizados, imaginando a luta épica entre o jovem Mané e a besta lendária.

“Depois de uma luta árdua, o lobisomem caiu aos meus pés, exausto e derrotado. Mas, ao invés de acabar com ele, eu olhei em seus olhos e vi a dor de um homem amaldiçoado. Então, fiz o que meu coração mandava: eu o libertei da maldição.”

Mané explicou como ele usou um antigo amuleto que sua avó lhe dera, um objeto mágico capaz de quebrar qualquer feitiço. Com um simples toque, o lobisomem transformou-se de volta em homem, agradecido e livre.

“Ele me agradeceu com lágrimas nos olhos e desapareceu na noite. Desde então, nunca mais ouvimos falar de lobisomens por aqui.”

Os netos aplaudiram, aliviados e maravilhados com a coragem e bondade de seu avô.

“E é por isso, meus queridos, que devemos sempre enfrentar nossos medos e lembrar que, mesmo nas criaturas mais temíveis, pode haver um coração humano.”

Com essa lição, Mané da Estrela terminou sua história, deixando seus netos sonharem com aventuras e heróis, sabendo que o maior deles estava bem ali, contando histórias sob o brilho da lua cheia. 

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