Mané da Estrela: As Aventuras de um Velho Contador de Histórias

Contos | Claison Maldonado das Neves
Publicado em 25 de Maio de 2024 ás 17h 05min

     Há muito tempo, nas vastas terras do sertão nordestino, vivia um homem chamado Mané da Estrela. Ele era um senhor de cabelos prateados, pele enrugada pelo sol e olhos que brilhavam como as estrelas que iluminavam o céu noturno. Mané morava em uma modesta fazenda, cercado por árvores frondosas e o canto dos pássaros.

     Mané tinha uma rotina simples. Todas as noites, após o jantar, ele se sentava na varanda de sua casa de madeira e reunia seus netos ao redor. Eram três crianças curiosas, com olhos arregalados e ouvidos atentos. Mané, com sua voz rouca e pausada, contava histórias de quando era jovem e aventureiro.

     Uma das histórias favoritas dos netos era sobre o dia em que Mané enfrentou dois cangaceiros. Ele os chamava de “os homens das sombras”. Naquela época, o sertão era uma terra de desafios e perigos, e os cangaceiros eram temidos por todos. Mas Mané não era um homem comum.

     Era uma tarde quente de verão quando Mané avistou os dois homens montados em seus cavalos. Eles usavam chapéus de couro, lenços vermelhos no pescoço e tinham olhares tão duros quanto as pedras do rio. Mané sabia que não poderia fugir. Ele era um homem honrado e corajoso.

     Com o coração acelerado, Mané se aproximou dos cangaceiros. Eles o encararam com desconfiança, mãos nas coronhas de suas armas. Mané, por sua vez, manteve a calma e disse:

     “Senhores, não sou inimigo de vocês. Sou apenas um viajante em busca de água e abrigo. Posso compartilhar minha comida e contar-lhes histórias em troca?”

    Os cangaceiros trocaram olhares surpresos. Eles não esperavam encontrar alguém tão destemido. O mais alto deles, chamado João Faca, respondeu:

    “Conte-nos uma história, velho. Se nos agradar, talvez deixemos você partir.”

     Mané sorriu e começou a narrar. Ele falou sobre dragões que guardavam tesouros escondidos, sobre feiticeiros que podiam controlar o vento e sobre uma estrela cadente que realizava desejos. Os cangaceiros ouviam, hipnotizados pelas palavras do velho.

     Quando Mané terminou sua última história, os cangaceiros aplaudiram. João Faca disse:

     “Velho, você é um contador de histórias e tanto! Nunca ouvimos nada igual. Vá em paz.”

     E assim, Mané da Estrela ganhou o respeito dos cangaceiros. Eles o deixaram seguir seu caminho, e ele continuou sua jornada, espalhando histórias e sabedoria por onde passava.

     Os netos de Mané ouviam essa história com admiração nos olhos. Eles sabiam que o avô era um herói de verdade, alguém que enfrentara perigos e vencera com sua coragem e imaginação.

     Mané da Estrela partiu deste mundo, mas suas histórias permaneceram vivas. Os netos cresceram contando-as para seus próprios filhos, e assim, o velho contador de histórias se tornou uma lenda no sertão.

     E, dizem as estrelas, que toda vez que uma estrela cadente cruza o céu, ela está realizando um desejo de Mané da Estrela, o homem que enfrentou dois cangaceiros e conquistou seus corações com suas palavras mágicas. 

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