Em uma noite de tempestade, no final do século 19, um homem chamado Augusto saiu de sua casa com uma pá e uma lanterna. Ele estava perturbado com a morte de sua esposa, Clara, que havia falecido há uma semana de uma doença misteriosa. Ele não conseguia aceitar que ela se foi para sempre. Ele queria vê-la mais uma vez, mesmo que fosse apenas seu cadáver.
Ele caminhou sob a chuva e o vento até chegar ao cemitério da cidade. Ele pulou o muro e procurou pela sepultura de Clara. Ele a encontrou em um canto escuro, coberta de flores murchas. Ele começou a cavar a terra com sua pá, sem se importar com o barulho ou o perigo. Ele só queria desenterrar sua amada.
Ele cavou por quase uma hora, até que finalmente atingiu o caixão de madeira. Ele o abriu com cuidado e viu o rosto de Clara, pálido e imóvel. Ele sentiu uma mistura de alívio e angústia. Ele a pegou nos braços e a beijou na testa. Ele chorou e sussurrou:
- Me perdoe, minha querida. Eu não podia viver sem você. Eu vim te buscar para ficarmos juntos para sempre.
Ele então se levantou e carregou o corpo de Clara para fora do cemitério. Ele pretendia levá-la para sua casa e enterrá-la em seu jardim. Ele achava que assim ela estaria mais perto dele e ele poderia visitá-la sempre que quisesse.
Ele não percebeu que estava sendo observado por um homem de capa preta, que o seguia à distância. Esse homem era o responsável pela morte de Clara. Ele era um médico que fazia experiências com cadáveres, tentando reanimá-los com eletricidade. Ele havia injetado um veneno em Clara, fingindo que era um remédio, e esperava que ela morresse para usar seu corpo em seus experimentos. Ele ficou furioso ao ver que Augusto havia roubado seu espécime. Ele decidiu que iria recuperá-lo, custe o que custar.
Ele se aproximou de Augusto e o chamou:
- Ei, você! O que você está fazendo com esse cadáver?
Augusto se assustou e se virou. Ele reconheceu o médico que havia tratado de Clara. Ele sentiu uma onda de raiva e ódio. Ele gritou:
- Você! Você é o culpado pela morte dela! Você a envenenou!
- Do que você está falando? Eu tentei salvá-la, mas era tarde demais. Ela estava condenada - o médico mentiu.
- Mentiroso! Você a matou para usar seu corpo em seus experimentos macabros! Eu sei de tudo! Eu vi seus cadernos, suas anotações, seus instrumentos! Você é um monstro! - Augusto acusou.
- Você está louco! Você é que é um monstro, roubando o corpo de sua esposa do cemitério! Você não tem respeito pelos mortos! Você é um necrófilo! - o médico retrucou.
- Cale a boca! Você não sabe de nada! Você não sabe o que é amor! Você não sabe o que é dor! Você não sabe o que é perder alguém que se ama! - Augusto exclamou.
- Chega de conversa! Me devolva o corpo de Clara, ou eu vou te matar! - o médico ameaçou.
- Nunca! Ela é minha! Ela sempre será minha! - Augusto desafiou.
Os dois homens então entraram em uma luta feroz. Eles trocaram socos, chutes e mordidas. Eles rolaram pelo chão, sujos de lama e sangue. Eles não se importavam com a chuva, o trovão ou os relâmpagos. Eles só queriam o corpo de Clara.
No meio da confusão, o corpo de Clara caiu no chão e ficou exposto à tempestade. Um raio atingiu o corpo, fazendo-o tremer e brilhar. Uma corrente elétrica percorreu o corpo, reativando seu coração e seu cérebro. Clara abriu os olhos e respirou fundo. Ela estava viva.
Ela olhou em volta e viu os dois homens que lutavam por ela. Ela reconheceu seu marido e seu médico. Ela se lembrou de tudo o que havia acontecido. Ela sentiu uma mistura de medo e nojo. Ela gritou:
- Socorro! Alguém me ajude! Tirem esses homens de cima de mim!
Ela se levantou e correu para longe, deixando os dois homens atônitos. Eles pararam de lutar e olharam para ela, incrédulos. Eles não podiam acreditar no que viam. Eles tinham acabado de testemunhar um milagre. Ou uma maldição.