LITERATURA DE CORDEL
Cordel | Josivaldo Constantino dos SantosPublicado em 10 de Agosto de 2022 ás 21h 13min
LITERATURA DE CORDEL
Pelo século Dezesseis
Época do renascimento
Surge um gênero literário
Próprio ao divertimento
Veio em folheto impresso
Era a arte do memento.
Em Portugal, os folhetos
Feitos em rústico papel
Estavam, sempre a venda
Ao relento, à luz do céu
E ficavam pendurados
Em barbante ou cordel.
Por onde passava gente
O cordel estava lá
Nas ruas, em frentes às lojas
No mercado popular
Narrando a vida diária
Era fácil de encontrar.
Duzentos anos depois
Chega ao Brasil o cordel
Expandiu-se no Nordeste
Os folhetos de papel
Pois encontrou terra fértil
No nordestino fiel.
Os portugueses trouxeram
De muito longe, do além mar
Essa arte do cordel
Que é a arte de rimar
E no Brasil transformou-se
Em cultura popular.
Pendurados em cordel
Cada um com um prendedor
Em malas, ou sobre lonas
Não importa onde for
Os folhetos são vendidos
Por um baixíssimo valor.
Os folhetos são vendidos
Pelos seus próprios autores
Que recitam em alta voz
Suas vidas, suas dores
Ou tocando na viola
Suas mágoas, seus amores.
Seca, política, cangaço
Milagres, encantamento
Heroísmo, traição
Disputa, briga e lamento
Datas, personalidades
Ou qualquer tema do momento.
Tudo o que o poeta pensa
Sente, ou o que vai fazer
Ele expressa em seus versos
Para o povo conhecer
Ele transforma em rima
Sua arte de viver.
O humor é um componente
Dessa bela literatura
Nela a vida transparece
De uma maneira pura
Sai do íntimo do poeta
Que expressa a sua cultura.
A arte da xilogravura
No cordel está presente
Ilustrando a poesia
Tornando-a mais atraente
Fazendo a obra bonita
Com um visual diferente.
É talhada na madeira
A gravura, que beleza
Depois vai para o papel
Bela arte, com certeza
A xilogravura veio
Lá da cultura chinesa.
Foi também os portugueses
Que a trouxeram ao Brasil
E ensinaram aos índios
E depois se expandiu
E da cultura do povo
Ela nunca mais saiu.
Os autores de cordel
Cordelistas são chamados
Porém quando cantam os versos
De viola, acompanhados
São chamados repentistas,
Pois é chamado “repente”
Quando os versos são cantados.
Estrofe de quatro versos
Quadra, ela é chamada
No início, era forte
Hoje não é mais usada
Está em outros estilos
Do cordel foi dispensada.
A sextilha é de seis versos
Essa é a mais conhecida
Usada nas cantorias
Por todos muito aplaudida
O exemplo é essa estrofe
Que não será esquecida.
Septilha é de sete versos
Setena, de sete em sete
E não é fácil fazê-la
Só pra alguns, isso compete
Quem não domina a rima
Logo, logo desanima
E com ela não se mete.
A estrofe de oitava
Recitada com emoção
Também ao som da viola
Não é pra qualquer um não
Sempre tem que terminar
Nos oito pés a quadrão.
Tem martelo agalopado
Gabinete e galope à beira do mar
São estrofes com dez versos
Complicado de rimar
Só com muita inspiração
Estudo e dedicação
É possível encarar.
Enfim, o cordel é belo
É uma arte popular,
Com ele se vai ao céu.
Também ao fundo do mar.
Na arte da poesia.
Seja noite ou seja dia.
Sempre é hora de rimar.
Comentários
Ameiiiiii...excelente cordel ou seria poema, ou os dois e mais a poesia? De uma coisa tenho certeza, o AUTOR/POETA se dedicou e conseguiu explicar poeticamente a literatura de cordel. Parabéns!!!
Sirlene Takeda | 10/08/2022 ás 22:03 Responder ComentáriosSeu poema é mais que um cordel, é uma verdadeira aula e a história do cordel
Enoque Gabriel | 11/08/2022 ás 09:31 Responder ComentáriosNesta eu não me meto Nunca foi pra mim não Não posso ir ao fundo mar Com minha pequena inspiração Nem repente, muito menos cordel Se não posso ir pro céu Prefiro ficar com os pés no chão! Parabéns, professor!
Edson Bento da silva | 11/08/2022 ás 10:18 Responder Comentários