Entre a cozinha e a emoção,
Mora o poder de uma invenção.
No canto, silente, o liquidificador,
Quem diria: ele liquidifica a dor.
Transforma frutas em quintessência,
Faz sucos de pura reminiscência.
E ao girar com a força do motor,
Força também a alma a repor.
O peso do dia pode ser moído,
Saudades em pedaços reduzido.
No copo, memórias viram sabor,
E finalmente, o sorriso liquefaz a dor.
Raspas de tristeza são turbilhadas,
Não resistem às lâminas afiadas.
Na mistura, paz e amor,
Uma arte: o ato de liquidificar a dor.
O barulho que antes espantava,
Agora como melodia suave encantava.
Do caos de sentimentos, é feitor,
Este engenho: liquidificador.
E assim, na receita da vida,
Há uma máquina bem-sucedida.
Reinventa o sentido com fervor,
Ensina a todos que é possível liquidificar a dor.